22/11/2019

Veja os principais destaques do webinário “Diversidades e Educação Inclusiva”

Como a gente constrói uma escola promotora de aprendizagem para todos ao invés de uma escola “identificadora” de déficit de aprendizagem? Esta foi uma das provocações trazidas por Maria Antônia Goulart no terceiro e último webinário do ano promovido pelo Movimento de Inovação na Educação, “Diversidades e Educação Inclusiva”, que ocorreu nesta quinta-feira, 21 de novembro.

Uma das fundadoras do Laboratório Elaborando do MAIS (Movimento de Ação e Inovação Social) e articuladora nacional do Movimento de Inovação na Educação, Maria Antônia foi a mediadora do encontro online que se propôs a discutir como os aspectos da diversidade e da educação inclusiva têm sido contemplados pelas organizações inovadoras.

“Quando a gente fala de educação inclusiva, a gente precisa parar de olhar para o diagnóstico, para o laudo, para pensar como essa criança aprende melhor. Isso significa olhar para o que desperta seu interesse, perceber quais são as estratégias que trazem mais engajamento deste aluno e como sua prática pedagógica pode dialogar com isso. Hoje, sabemos que estas novas abordagens não só beneficiam os alunos com algum tipo de deficiência, mas a turma inteira”, explicou.

Tendo sido uma das idealizadoras do Bairro-Escola, programa intersetorial de educação integral em Nova Iguaçu (RJ), Maria Antônia conta que viu muitos dos seus princípios educacionais desafiados quando sua segunda filha nasceu com Síndrome de Down.

“Foi aí que percebi que ao mesmo tempo que eu pensava em educação integral, eu não estava focada na educação inclusiva. Então comecei a pesquisar muito e me conectar com grupos que estavam pensando esse tema no Brasil e no mundo. E quanto mais me aprofundava mais eu via como é impossível falar de educação de qualidade se ela não tiver como requisito a educação inclusiva. E para isso é preciso trabalhá-la com intencionalidade e de forma concreta: pensar como são as propostas pedagógicas, de gestão, os ambientes, para que tudo isso seja de fato acessível.”

Nesta perspectiva, o bate-papo também abordou a construção de práticas que valorizem as diferenças humanas, contemplando assim as múltiplas diversidades que coexistem na escola. Entre as indicações de experiências está o trabalho da Unicef com desenho universal, o laboratório maker eLABorando e a plataforma Diversa.

Sobre este tema, a educadora Lenize Cristina Riga, da EMEI Nelson Mandela, pontuou alguns desafios. “A gente faz o possível para garantir acesso a todas as crianças. Mas a impressão que dá, na escola pública, é que estamos sozinhos, então acabamos fazendo por nós mesmos. Tem outra coisa ainda que é pensar que para fazer uma coisa válida é preciso ter o especialista – em arte, em matemática, em educação inclusiva –, o que é inviável, e que agora entendo que não é necessário. Mas acredito que a formação do professor deva abordar isso” 

Raimunda Caldas Barbosa, educadora do Grupo Marista, lembrou ainda da importância de estruturar equipes diversas e desenvolver trabalhos mais colaborativos. “Precisamos pensar como fomentar no nosso sistema de ensino uma equipe mais interdisciplinar. Se o professor é hoje visto como uma “barreira” para a educação inclusiva é porque pensa que precisa de um mediador, de um especialista para tocar esse processo pedagógico”.

Ainda sobre os desafios, Vera Santana, também membro do grupo articulador do Movimento, acrescentou: “Educação integral pressupõe inclusão e embora as escolas públicas busquem na prática essa integração, ainda se carece de informações, trocas, formações mais integradas. A escola sem segmentação é o desafio.”

Para finalizar, Maria Antônia frisou a importância da criação de um ambiente de aprendizagem que respeite todos. “Escola não é só método, instrumental. Tem um ambiente, um clima que precisa ser de respeito à diversidade, de reconhecimento do outro, senão nada funciona”, lembrou a mediadora.

“As pessoas pensam em inovação e acham que é criar algo novo, mas a educação inclusiva já existe. Mas, infelizmente, não como pauta prioritária, conectada a outras dimensões. Geralmente, ela aparece de forma apartada e isso precisa mudar. A gente se prende muito a padrões que são provisórios. O que está dentro é normal e o que está fora é patológico. E o que precisamos pensar é como a gente para de ter esse olhar de estigmatizar e coloca todo mundo mais próximo, entendendo que o outro consegue, reconhecendo sua potência”, acrescentou.

Ciclo de webinários

O webinário “Diversidades e Educação Inclusiva” foi o 3º e último encontro de 2019, fechando o ciclo de debates promovido pelo Movimento de Inovação na Educação ao longo do ano, no ensejo da provocação “qual escola queremos para o futuro?”

Os debates virtuais têm como objetivo o fortalecimento do diálogo em rede e a aproximação entre as organizações inovadoras Brasil afora.

Em agosto, o primeiro webinário “Inovação como prática permanente” reuniu escolas e organizações educativas para compartilhar experiências e desafios de construir práticas inovadoras que correspondam às necessidades contemporâneas da educação. Em setembro, foi a vez do webinário “Protagonismo estudantil por uma nova educação” debater como construir projetos pedagógicos que atendam aos desejos, necessidades, identidades e direitos dos estudantes.

Além destes encontros, no ano passado, foram realizadas três edições com abordagens diferentes: “O que é inovação na sua prática educativa?”, “O conceito de inovação na educação” e “Como fortalecer o Movimento de Inovação na Educação”, que podem ser conferidas na íntegra na nossa seção Interação.

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