Eventos sobre Educação Inovadora

Saiba quais são as palestras, seminários e outras agendas da inovação. Os eventos divulgados nesta página são publicados originalmente na página do Porvir.

Agenda de eventos

12/12/2025

O projeto que fez estudantes trocarem ultraprocessados por comidas saudáveis

O post O projeto que fez estudantes trocarem ultraprocessados por comidas saudáveis apareceu primeiro em PORVIR. Com ingredientes regionais, estudantes ...

VEJA MAIS

10/12/2025

Falar de diversidade é defender direitos humanos, diz Olga de Dios, ilustradora das infâncias

O post Falar de diversidade é defender direitos humanos, diz Olga de Dios, ilustradora das infâncias apareceu primeiro em PORVIR. ...

VEJA MAIS

10/12/2025

Medo e censura nas escolas adoecem professores, revela estudo nacional

O post Medo e censura nas escolas adoecem professores, revela estudo nacional apareceu primeiro em PORVIR. Estudo em parceria com ...

VEJA MAIS

08/12/2025

Escolas prontas para o futuro? A desigualdade tecnológica diz o contrário

O post Escolas prontas para o futuro? A desigualdade tecnológica diz o contrário apareceu primeiro em PORVIR. O avanço tecnológico ...

VEJA MAIS

05/12/2025

Contos de fadas ensinam inglês e encantam crianças de escola pública

O post Contos de fadas ensinam inglês e encantam crianças de escola pública apareceu primeiro em PORVIR. Projeto transforma narrativas ...

VEJA MAIS

04/12/2025

Em tese premiada, pesquisadora transforma vivências em pedagogia antirracista

O post Em tese premiada, pesquisadora transforma vivências em pedagogia antirracista apareceu primeiro em PORVIR. Vencedora do Prêmio de Reconhecimento ...

VEJA MAIS

03/12/2025

Projeto STEM inspirado por quebradeiras de coco vence Solve for Tomorrow Brasil

O post Projeto STEM inspirado por quebradeiras de coco vence Solve for Tomorrow Brasil apareceu primeiro em PORVIR. A 12ª ...

VEJA MAIS

03/12/2025

Nas escolas, violência de gênero segue presente e pouco discutida

O post Nas escolas, violência de gênero segue presente e pouco discutida apareceu primeiro em PORVIR. Levantamento revela que violência ...

VEJA MAIS

02/12/2025

Quem tem medo da matemática?

O post Quem tem medo da matemática? apareceu primeiro em PORVIR. Situações negativas são relatadas de forma frequente, muitas delas ...

VEJA MAIS
Mover agenda para esquerda
Mover agenda para direita

12/12/2025

O projeto que fez estudantes trocarem ultraprocessados por comidas saudáveis

O post O projeto que fez estudantes trocarem ultraprocessados por comidas saudáveis apareceu primeiro em PORVIR.

Sou professora de História em Bituruna, cidade paranaense com cerca de 16 mil habitantes, conhecida como a terra do vinho.

Trabalho na rede pública há 26 anos e sempre acreditei que os obstáculos do cotidiano escolar podem se transformar em oportunidades de aprendizagem. Observei alguns estudantes com baixa estatura e baixo peso, possivelmente relacionados à alimentação inadequada.

Alimentos ultraprocessados estão por toda parte. Mesmo entre famílias que vivem no campo e que têm acesso a frutas, legumes e verduras frescas, o consumo desse tipo de alimentação, tão prejudicial à saúde, ainda é exagerado. 

📍Conheça os projetos selecionados semanalmente nesta 3ª edição do Prêmio Professor Porvir

Em conversas com o professor de Ciências, Cleonir Ferreira de Castro, percebemos que muitas famílias consumiam muitos salgadinhos e biscoitos, e que a falta de tempo e de conhecimento sobre como preparar pães mais nutritivos dificultava a mudança de hábitos. Dessa escuta nasceu a ideia do projeto, que uniu uma necessidade da comunidade escolar a algo muito presente na minha vida.

Fazer pão sempre foi, para mim, um gesto de criação, cuidado e afeto: acalma quando estou nervosa, celebra quando estou feliz e me inspira a testar novas cores, sabores e nutrientes. Costumo dizer que fazer pães é minha segunda paixão e, ao lecionar, encontrei a oportunidade de unir essas duas alegrias. A minha cozinha se tornou a extensão da escola, e os meus pães, a tradução do amor que tenho por ensinar. Assim surgiu o projeto “O Pão Nosso de Cada Dia”, desenvolvido com a turma do 8º ano do Colégio Estadual do Campo Irmã Clara.

O projeto está alinhado às áreas de ciências, história e linguagens. Com ele, eu quis compreender o valor nutricional de ingredientes locais, refletir sobre os malefícios dos industrializados e recuperar a história do pão, desde suas origens até a presença marcante na imigração italiana da região.

Arquivo pessoal

O objetivo foi incentivar escolhas alimentares mais saudáveis de uma maneira ampla. A minha intenção foi que os estudantes percebessem o pão como um elemento cultural, histórico e sensorial, capaz de contar histórias, trazer memórias e transformar hábitos. Além disso, a proposta buscou aproximar escola e famílias, estimulando um diálogo mais próximo entre gerações.

Passo a passo do projeto

Para começar, organizei uma aula sensorial. Com os olhos vendados, os estudantes foram convidados a tocar e experimentar diferentes tipos de pães feitos por mim. Preparei receitas com ingredientes da própria região: abóbora, pinhão, aipim, erva-mate, beterraba, couve, uva e brócolis. A ideia era ativar sentidos e curiosidades, mostrando que o pão pode ter múltiplas cores, sabores e nutrientes. A turma se surpreendeu ao descobrir que o pão laranja tinha abóbora e o verde era feito com couve.

Enquanto explorávamos sabores, estudávamos também a jornada histórica do pão. Falamos do pão ázimo, que é assado sem fermento e feito de farinha de trigo ou de outros cereais, como aveia, cevada, centeio e água. Estudamos a evolução das técnicas de preparo, os hábitos alimentares trazidos pelos imigrantes italianos e as tradições que se mantêm vivas nas famílias de Bituruna. Em paralelo, o professor de Ciências aprofundou o estudo dos nutrientes presentes nos ingredientes locais e os impactos dos ultraprocessados na saúde.

Arquivo pessoal

Receitas e aprendizados

Inspirada na Pirâmide da Aprendizagem do psiquiatra norte-americano William Glasser (1925–2013), que mostra que aprendemos melhor quando praticamos, discutimos e colocamos o conhecimento em ação, percebi que envolver os estudantes e suas famílias tornaria o aprendizado mais efetivo.

Convidei a turma para registrar memórias, conversar com pais e avós e recuperar histórias sobre alimentação, imigração, cultivo e tradições locais. O que começou como uma atividade simples se transformou em um espaço de troca. Muitos pais relataram lembranças da infância, compartilharam receitas antigas e reencontraram histórias que já não recordavam. Esses registros se transformaram em uma espécie de diário, que” virou uma ponte entre gerações.

Participação da escola

O envolvimento da comunidade ampliou o alcance do projeto. Convidei uma nutricionista para dialogar com pais e estudantes sobre os malefícios dos industrializados e as possibilidades nutritivas de ingredientes locais. Também fiz excursões: levei a turma para conhecer empreendedores rurais e produtores da região: o Ateliê Dona Formiguinha e a Vinícola e Museu Casa Sanber, que compartilharam suas experiências e mostraram como o trabalho no campo pode ser fonte de renda e organização da vida familiar.

Arquivo pessoal

Os relatos da professora Cleusa Sonálio e de Sônia Maria Zembruski Isoton ampliaram a visão dos alunos sobre o empreendedorismo no meio rural. Cleusa, professora aposentada muito respeitada na comunidade, trouxe memórias de quem sempre viveu e lecionou no local. Sônia Maria Zembruski Isoton, empreendedora reconhecida pelo Sebrae e proprietária do Ateliê Dona Formiguinha, compartilhou sua experiência no desenvolvimento da Pane Radici, referência turística de nossa cidade.

Ao longo do processo, percebi o envolvimento dos estudantes crescer a cada atividade. Eles documentaram etapas, participaram das análises sensoriais, investigaram valores nutricionais e produziram receitas. 

Um dos pães preferidos da turma foi o “Brasileirinho”, com massa verde (couve, espinafre e brócolis) e amarela (abóbora). Outro destaque foi o “Bituruninha”, inspirado na produção local de Bituruna, combinando erva-mate, uva e abóbora. A turma também criou versões especiais para pessoas com intolerâncias alimentares. As atividades incluíram degustação de pães variados, visitas a empreendimentos locais, aulas de campo e palestras com profissionais, além da participação das famílias em dinâmicas e orientações nutricionais. O projeto ainda incentivou o empreendedorismo, mostrando como o pão artesanal pode se tornar fonte de renda, cultura e identidade.

Arquivo pessoal

Entraves superados

A limitação física da escola foi um desafio. Não podíamos fazer os pães no espaço escolar, então levei o projeto para minha casa. Gravei vídeos e tirei fotos de cada receita e compartilhei tudo por meio de um grupo de WhatsApp que reúne estudantes e responsáveis e pelas redes sociais da comunidade. Isso permitiu que os alunos visualizassem o preparo e tivessem mais segurança para reproduzir as receitas em casa. Também criei o “Desafio Fazendo Pão em menos de 15 Minutos”, para mostrar que o tempo não precisava ser um obstáculo.

Impactos observados

Os impactos foram concretos. Muitos estudantes passaram a substituir ultraprocessados por alimentos caseiros, como feijão, arroz, polenta, carnes e saladas. As famílias também começaram a preparar pães com mais frequência, utilizando abóbora, aipim, pinhão e outros ingredientes que sempre estiveram disponíveis, mas pouco valorizados.

Também houve avanços pedagógicos: os alunos compreenderam a história do pão, aprofundaram conhecimentos de Ciências e desenvolveram habilidades de leitura e escrita no “Diário de Família”.

Arquivo pessoal

Na escola, a iniciativa foi elogiada na reunião escolar do fim do trimestre e se tornou um exemplo de como a Educação do Campo pode mobilizar saberes locais e fortalecer vínculos comunitários. Criamos laços mais fortes entre a escola e as famílias, e abrimos caminhos para que os alunos reconheçam a força dos saberes rurais.

Hoje sinto que o projeto deixou um legado. O “Pão Nosso de Cada Dia” não foi apenas uma sequência de atividades, mas uma prática que integrou história, alimentação e participação familiar. Foi um convite para olhar para o que nos alimenta e para o que podemos transformar no presente.

Levo comigo a convicção de que a escola é um espaço de aprendizagem conectado ao território e capaz de gerar mudanças com elementos simples do cotidiano.

O post O projeto que fez estudantes trocarem ultraprocessados por comidas saudáveis apareceu primeiro em PORVIR.

Logo Porvir

Agenda Integrada com Porvir

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.