17/12/2018
*Por Centro de Referências em Educação Integral
Com a experiência do NAVE – Núcleo Avançado em Educação, a Oi Futuro se propôs a criar a escola pública de Ensino Médio que tantos idealizam: engajada à realidade e à cultura dos jovens, às necessidades do mercado de trabalho em constante transformação, e com amplo uso de recursos tecnológicos.
Agora, vão compartilhar as práticas exitosas destes 12 anos de pesquisa e inovação na educação, por meio da plataforma Práticas Inovadoras para o Ensino Médio, elaborada em parceria com o Centro de Referências em Educação Integral, em que as práticas aparecem em formato de passo a passo. “O objetivo é que outras escolas e redes possam se inspirar e colaborar na transformação da educação pública brasileira”, diz Fábio Meirelles, coordenador de educação da Oi Futuro.
As práticas presentes na plataforma foram desenvolvidas por professores e gestores das duas escolas onde o programa opera em parceria com a rede pública: a Escola Técnica Estadual Cícero Dias, em Recife (PE), e o Colégio Estadual José Leite Lopes, no Rio de Janeiro (RJ).
Nestes modernos laboratórios de ensino-aprendizagem, que funcionam em tempo integral, combinando Ensino Regular e Técnico, os alunos aprendem por meio da experiência, fazendo relações com o território, a cultura e a comunidade.
Para Natacha Costa, diretora da Cidade Escola Aprendiz, o fato de estas práticas terem sido criadas a partir das condições de uma escola e das necessidades reais dos alunos amplia as possibilidades de outras escolas aproveitarem o material. “O Ensino Médio hoje enfrenta uma crise de modelo e altos índices de evasão, e precisa ser reinventado a partir dos gestores locais, professores, alunos, comunidade e do próprio território.”
As práticas presentes no site estão agrupadas em dois setores: as práticas de ensino-aprendizagem e as de gestão. Cada uma dessas práticas atende a certas metodologias, por exemplo, de gestão democrática ou aprendizagem por projetos. Há, ainda, um questionário de perguntas e respostas que ajuda os interessados a buscar uma prática de acordo com suas necessidades.
Fabio Meirelles também destaca que as práticas prezam pela interdisciplinaridade e o protagonismo dos adolescentes. “Várias práticas promovem o engajamento com a comunidade, porque fazem sentido para os jovens que querem provocar transformações e encontrar soluções para problemas do seu contexto”, explica.
Cada uma das práticas pedagógicas é estruturada com um Plano de Voo, que traz o contexto, a intencionalidade e os objetivos das atividades, e uma espécie de passo a passo, chamado de Pilotando, que indica a ordem lógica e organiza a proposta. Por fim, vem a Equipagem, que aponta o que precisa ser levado nessa jornada: materiais e insumos para execução da prática ou recursos de apoio para o planejamento Voe Conosco.
As práticas também são identificadas de acordo com o nível de complexidade para sua implementação pelos desenhos de um balão, avião de papel ou foguete.
Embora as escolas do NAVE despontem como referência em uso das novas tecnologias, a maioria das práticas presentes na plataforma não depende destes recursos ou aponta alternativas para sua realização.
“A qualidade do ensino depende fundamentalmente das condições que o professor tem para desempenhar sua função”, lembra Natacha Costa. Assim, é imprescindível que as práticas pedagógicas inovadoras venham acompanhadas de uma gestão democrática. “É fazer junto, é romper a perspectiva do professor detentor de conhecimento, e fazer uma troca entre todos”, explica Fábio Meirelles.
Para Karla Andrade, gestora do NAVE Rio, também é preciso envolver a comunidade escolar, as famílias e a sociedade. “Cada um tem a sua importância e o seu significado dentro desse processo que é promover as trocas de experiências e de conhecimentos”, diz.
Na prática Plantão Pedagógico, os familiares não vão à escola só para receber os boletins dos alunos, mas para discutir questões pedagógicas, de infraestrutura e gestão da escola. “Quando todos os atores escolares participam das tomadas de decisão e dos planejamentos das ações, eles sentem pertencentes ao espaço e responsáveis pelos processos, e tudo acontece com mais afetividade, compromisso e respeito”, diz Aldineide Lilian Gomes de Queiroz, gestora do NAVE Recife, que desenvolveu a prática.
Na prática Tabuleiro com História, os alunos aprendem conteúdos curriculares do ensino de história por meio de jogos de tabuleiro. “A educação e o conhecimento humano deve ser em rede, porque a experiência humana é multidisciplinar. Sem isso, o estudante não consegue desenvolver uma visão mais profunda e senso crítico na sua formação”, afirma Daniel Martins, professor do NAVE Rio, um dos responsáveis pela prática.