04/05/2021

Saiba como uma escola que trabalha com projetos interdisciplinares vem atuando em meio à pandemia

Reviravolta da escolaUma peça de teatro encenada inteiramente pelo Zoom com a participação de todos os estudantes, mas cada um de sua casa. Este é apenas um exemplo da criatividade colocada em prática por alunos do Ensino Médio da Teia Multicultural e seus educadores para contornar os desafios impostos pela pandemia nestes últimos meses.

Localizada em São Paulo (SP), a escola trabalha com uma proposta pedagógica baseada em projetos interdisciplinares e tem a arte como um dos seus eixos estruturantes. No Ensino Médio, por exemplo, ao final de cada letivo, os alunos realizam apresentações transmídias que abarcam teatro, cinema, locução e mídias impressas para a confecção de um único produto.

A fim de compreender como a escola vem se reorganizando neste momento de pandemia, o Movimento de Inovação na Educação conversou com a diretora Georgya Corrêa e com o educador Lucas de Briquez, para conhecer quais ações a instituição vem desenvolvendo para a última etapa da Educação Básica de acordo com as 5 dimensões de uma organização educativa inovadora: metodologia, gestão, currículo, ambiente e intersetorialidade. Confira: 

Gestão 

Quando a epidemia de coronavírus começou a se espalhar pelo globo em 2020, a diretora Georgya Corrêa logo percebeu que já era hora de agir. “Quem está na gestão de uma escola precisa estar sempre alerta para não perpetuar aquilo que não faz sentido. Então, quando vimos que a crise inevitavelmente chegaria aqui, já começamos a antecipar diversas partes do nosso trabalho, adaptando-o para o remoto”, conta. Assim, antes mesmo do decreto governamental sobre a suspensão das atividades presenciais, a Teia já havia se comunicado com as famílias, realizado um planejamento e os educadores solicitado que só fosse para a escola aqueles estudantes que não tinham como ficar em casa. 

O acompanhamento do trabalho pedagógico pelas famílias de suas casas, no entanto, suscitou mudanças. “Como não trabalhamos o tempo todo com registro ou livro didático, os pais não tinham noção do quanto trabalhávamos”, conta a diretora. “Eles ficaram um pouco assustados e, inclusive, pediram para diminuir a quantidade de atividades”, conta. A partir dessa demanda, foram então organizadas reuniões para entender como os educadores e gestores podiam ajudar as famílias. 

Em 2021, a escola passou a funcionar no modelo híbrido. De segunda a quinta, enquanto parte dos alunos vão presencialmente à instituição, outra fica em casa – conectada – realizando suas atividades. As sextas-feiras são dias de plantão de dúvidas. “Há as atividades postadas nas plataformas digitais da escola que os alunos fazem na hora que desejam e também fazemos formulários para ver quem são os pais que precisam ter seus filhos na escola para ir organizando a rotina dos professores.” 

Entre os feedbacks que vieram dos alunos, é possível destacar alguns pontos convergentes: mais formulários no formato quiz, vídeos mais curtos, menos atividades de registro, menos remoto e mais ao vivo e mais compartilhamento de tela. 

Metodologia e Currículo

Dentro desse processo, envolvendo muita conversa com pais e educadores, havia a preocupação de manter o DNA da escola que é a aprendizagem ativa, dentro de um ambiente de aprendizagem remoto.  

Por trabalhar com projetos interdisciplinares e coletivos, por meio dos quais os alunos realizam como produto final uma obra de arte, algumas mudanças se fizeram necessárias. No Ensino Médio, etapa cujo projeto final é a elaboração de uma apresentação transmídia, a solução foi colocar os alunos para confeccionar cenários, figurinos, gravarem suas cenas e fazerem a edição final de suas próprias casas.

“Eles recriaram “Romeu e Julieta” por meio do Zoom. Foi muito diferente, mas muito especial! Uma experiência única que eles não vão se esquecer e que não deixará aquele sentimento de que no ano deles foi menos do que nos anteriores”, conta o educador Lucas de Briquez.

Com o pessoal do 3º do Ensino Médio, etapa na qual contam com mentores individuais para auxiliá-los com seus projetos de vida, houve também muito diálogo para entender as angústias e dificuldades salientadas pela pandemia. “O tutor sempre entrava em contato com orientações, buscando fazê-los entender a importância destas trocas para saúde emocional deles, além de buscar temas que os motivassem para o trabalho pedagógico”, conta Georgya.  

Ambiente e intersetorialidade

O momento mostrou também a relevância de apoiar e inspirar outras escolas, fomentando uma rede de práticas inovadoras em educação. A Teia passou então a selecionar atividades e criar planos de aulas gratuitos para alunos de escolas públicas.

“Eu e a professora de arte e minha companheira, Talita, criamos salas remotas com atividades. Escrevi um texto curto dizendo que estávamos disponibilizando essas aulas gratuitas, com um link de acesso, e disparei para alguns contatos do meu whatsapp”, conta Lucas.

O retorno foi inesperado. Em uma semana, havia cerca de 500 inscritos na plataforma e diversos educadores e gestores escolares entraram em contato pedindo apoio. “Essa iniciativa acabou originando a Teia We, que mais tarde se tornou a Asas Educação”, explica Lucas.  

O projeto serviu como uma espécie de laboratório e forneceu as bases para a Teia criar materiais paradidáticos, que serão lançados em breve e abordam como desenvolver conteúdos curriculares a partir de projetos interdisciplinares e contemplando as competências da BNCC. “O objetivo é levar essa metodologia para qualquer outro ambiente, rompendo os muros da escola”, diz Georgya. 

O que é a #Reviravolta da Escola?

Realizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com diversas instituições, a campanha #Reviravolta da Escola articula ações que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia.

Leia os demais conteúdos no site especial da #Reviravolta da Escola.

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