03/06/2019

“Quando queremos que o jovem se engaje, precisamos dar oportunidades”, diz Iago Hairon, do Engajamundo

Militante climático apaixonado por qualquer movimento que nos conecte com a natureza. É assim que o cientista social Iago Hairon se apresenta para o mundo no site do Engajamundo, organização não governamental criada com o intuito de tornar mais efetiva e inclusiva a participação da juventude brasileira em negociações internacionais.

Com um ativismo bem-humorado, o Engajamundo se define como “uma organização de liderança jovem e feita para jovens” e tem na ousadia um dos seus valores. Para tanto, o projeto aposta na inovação e na versatilidade na maneira de trabalhar e se posicionar, buscando uma linguagem jovem e divertida.

Em entrevista ao Movimento de Inovação na Educação, Iago conta sobre a trajetória e atuação do Engajamundo, além de como fazem para dar conta de ouvir as mais de 2 mil vozes que tecem a rede. Confira:

Movimento de Inovação na Educação: Primeiramente, poderia nos contar como começou o Engajamundo?

Iago Hairon: O Engaja surge pela primeira vez em 2012. Naquela época, era mais um bando de jovens malucos que queriam mudar o mundo. A gente começa então criando o Comitê Universitário Paulista para a Rio+20, apelidado de CUP, para atuar na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Só que neste momento a gente percebe que não é tão fácil assim mudar a realidade e influenciar processos. Outra constatação que temos é a de que só tinham nestes eventos jovens do hemisfério norte. Daí vem também a percepção de que não adiantava a gente querer atuar internacionalmente se não mudássemos a nossa realidade local, articulando os jovens brasileiros. E então vamos começando a formar a nossa rede e, aos poucos, mais jovens vão se juntando ao Engaja.

MIE: E de que forma a iniciativa trabalha hoje?

IH: Atualmente, atuamos em quatro grandes eixos: formação, participação, mobilização e advocacy. E temos grupos de trabalho dentro das temáticas do clima, das cidades sustentáveis, de gênero, do desenvolvimento sustentável (ODS) e da biodiversidade. Hoje, estamos presentes em 19 estados do Brasil com núcleos locais, formando uma rede de cerca de 2.000 membros. Os voluntários participam desses grupos de trabalho, seja de forma online ou presencial por meio dos núcleos locais.

engajamundo

MIE: E como é o modelo de gestão do Engajamundo? 

IH: Tem uma coisa muito importante que é o fato de termos gente trabalhando só para o projeto e com isso conseguirmos estar bastante presentes para os voluntários. Temos as pessoas que compõem o Comitê Facilitador – e esses cargos são rotativos – que são responsáveis pelas atividades administrativas, a coordenação, a comunicação, as atividades financeiras e jurídicas, a captação de recursos, entre outras tarefas. Há também os coordenadores do grupos de trabalho. Dos cincos grupos que já citei, há dois para cada um. Há também os coordenadores de campanhas e, para além disso, os articuladores, que são os voluntários ativos que a gente tem na rede.

MIE: Como vocês dão conta de que a rede esteja sempre articulada?

IH: Uma das coisas que percebemos articulando essa grande rede é que quando queremos que o jovem se engaje, precisamos dar oportunidades, seja a de participar de conferências, de formações, de ir fazer um intercâmbio em organizações de outros países, etc. Percebemos também que o jovem para se engajar em uma campanha precisa ter participado de seu projeto de co-criação, senão não coloca a mão na massa.

MIE: E quais são os anseios dessas juventudes que compõem a rede? Como fazem para ouvi-los?

IH: São juventudes muito distintas, desde jovens de São Paulo até jovens do interior da Bahia. Por isso, têm motivações totalmente diferentes. Desde 2017, crescemos muito e ficou, inclusive, difícil para a gente manejar a própria rede, então começamos a procurar metodologias que ajudassem a ouvir a voz de todo mundo. Foi assim que começamos a trabalhar com tomadas de decisões no âmbito macro usando a metodologia da Democracia Profunda. É uma ferramenta muito legal que foi o melhor meio que achamos para entender e incluir todos nos processos de decisão, principalmente as minorias. Ela envolve assembleias, formações e reuniões de orientação para descobrir a vocação dos jovens dentro do Engaja. Uma dessas estratégias, por exemplo, é quando a gente abre as vagas nos grupos, quem tem interesse se inscreve e depois essa pessoa vêm trabalhar com a gente duas semanas e a partir disso consegue ter uma ideia melhor e concreta de qual contexto quer seguir. É um processo bem difícil e demorado. Mas se você quer ouvir todas as vozes, é preciso ter tempo.

 

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