04/12/2019
A inovação pedagógica se mostra em estágio muito inicial, em termos de incorporação de tecnologia, tanto em escolas privadas como na rede pública de ensino do Brasil. É o que conclui a pesquisa Avaliação das Práticas Educacionais Inovadoras (Apei-50), divulgada ontem (3), pelo Instituto Crescer. Ao todo, a pesquisa ouviu 5.411 professores, provenientes de 317 escolas espalhadas pelo País.
O nome do levantamento faz alusão aos 50 indicadores, com pontuação de 0 a 4, que permitiram avaliar, com amplitude, aspectos inerentes ao ambiente escolar. Trata-se de um conjunto de questões que variam da disposição dos professores em incorporar recursos tecnológicos às aulas à inclinação dos estudantes de pedir ajuda a eles, ao se deparar com situações potencialmente perigosas na internet.
Estes indicadores foram estruturados a partir de 3 pilares considerados estratégicos para o processo de mudança: usabilidade, resultados educacionais e competências docentes, descritos abaixo.
Segundo os resultados da pesquisa, de forma geral, não temos nenhum aspecto que se encontra em nível avançado de inovação pedagógica, sendo o melhor resultado relacionado às Competências Socioemocionais, no qual temos um nível intermediário de inovação pedagógica.
O uso das tecnologias digitais para personalizar a prática de ensino (criar atividades diversas) de forma a atender os diferentes estilos e necessidades de aprendizagem é outro aspecto visto como positivo. O índice apresentado pela rede pública foi de 1,88 (nível básico) e 2,81 na rede privada (nível intermediário).
No entanto, os piores resultados estão relacionados a criar oportunidades dos alunos participarem de comunidades virtuais de aprendizagem extrapolando os muros da escola (0,75), envolver os alunos em projetos STEAM (0,86) e uso de portfólios digitais para gestão da aprendizagem (0,95), todos em nível emergente, mostrando que não há indícios de prática pedagógica inovadora relacionada a estes aspectos.
O estudo, que agora está aberto a contribuições da sociedade e que deve ser apresentado ao Ministério da Educação (MEC), destaca também informações que demonstram assimetrias entre os colégios particulares e públicos. Um exemplo é o nível de autonomia para uso da internet para fins pedagógicos, que, na rede privada obteve a pontuação de 3,2 e na rede pública, de 1,92.
Estabelecer como tarefa de casa que os alunos coletem informações da internet, a fim de escrever artigos é algo bastante comum, atualmente. Como no mundo offline a atividade envolvia, exclusivamente, uma busca em livros, o ideal seria que os professores orientassem os alunos sobre a forma correta de pesquisarem aquilo que desejam em websites. Isso os estimularia a recorrer a sites eletrônicos confiáveis, a identificar fake news e a compreender o que significa plágio de conteúdo.
O estudo, porém, mostra que somente parte das turmas está recebendo essa orientação obre metodologia de pesquisa na internet. Entre escolas públicas, a média foi de 1,65, classificada como básica. Já as escolas particulares atingiram uma média de 2,55, considerada de nível intermediário.
Para participar da pesquisa, é necessário realizar um cadastro referente à instituição da qual faz parte. A partir desse momento, é possível convidar a equipe docente para participar da avaliação proposta no programa APEI-50 e obter informações visando o desenvolvimento de estratégias de intervenção local.
Faça o download da Avaliação para ver o relatório completo de resultados.
*Com informações da Agência Brasil