12/09/2019

EMEF Zeferino Lopes de Castro: a escola rural que usa tecnologia para solucionar questões da vida dos alunos

Na EMEF Zeferino Lopes de Castro, localizada na zona rural de Viamão (RS), pastagem é assunto para sala de aula. Este foi o tema pesquisado por um grupo de alunos que buscava uma solução para evitar que os rebanhos perdessem peso no rigoroso inverno gaúcho.

Por trazer temas como este, presentes na realidade deste território, fica fácil entender porque o projeto se chama Vida (Vivências Inovadoras Desenvolvidas na Aprendizagem) – busca dar sentido e aplicação prática para o conhecimento científico aprendido pelas crianças na escola.  

Foi em 2013 que a Zeferino Lopes de Castro começou a repensar seu currículo. Na ocasião, havia sido instalado o primeiro laboratório do projeto Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, que garantiu conexão com a internet e que cada aluno tivesse acesso a um computador, além de tablets e outros dispositivos digitais

A chegada da tecnologia de ponta, no entanto, carecia de significação. “Não fazia sentido simplesmente substituir o caderno pelo computador. Então, partiu de um grupo de professores pensar como iríamos trabalhar com esses equipamentos”, conta a diretora Rosa Maria Friedl Stalivieri

alunos da zeferino lopes

Saída de campo na Zeferino Lopes

Na época, a escola enfrentava um desafio comum a tantas outras: a falta de motivação dos alunos. “Tínhamos alunos desinteressados, que não queriam estar na escola. Então pensamos como todos esses recursos digitais poderiam ser usados para engajá-los e, nesse ponto, resolvemos mudar nossa metodologia para trabalhar com projetos de aprendizagem”, conta Rosa. 

Com a mudança, a tecnologia passou a ser uma abordagem para auxiliar os alunos com a pesquisa e criação de projetos ou artefatos que buscassem soluções para problemas cotidianos de suas comunidades. “Foram várias experiências até acharmos o modelo que dava mais certo. Hoje, trabalhamos com momentos de projetos de aprendizagem, que têm duração de um trimestre. Então ao longo do ano, cada aluno vivencia três projetos diferentes”, explica Rosa.

Em paralelo, há os momentos das aulas seriadas “tradicionais” e também oficinas livres que são atividades extras como dança gaúcha, violão, horta, teatro, jardinagem e robótica.

Aprendizagem para a vida

O projeto Vida começa com uma “saída disparadora”, na qual os alunos vão a um determinado lugar a fim de que sejam provocados a pensar em perguntas do seu interesse que gostariam de responder. Cada estudante propõe sua pergunta que são então agrupadas conforme o grau de afinidade.

“Os grupos são formados e o projeto se inicia com pesquisas. O resultado por ser um protótipo, uma peça de teatro, um site. Há muitas possibilidades. Todo esse processo é apoiado por professores orientadores que atuam de forma interdisciplinar a partir destas indagações”, explica Rosa.

zeferino lopes

Alunos participam de uma atividade disparadora

Além de multidisciplinar, os projetos de aprendizagem são multisseriados. Apenas o primeiro ano faz entre si, os demais interagem com crianças de diferentes idades. Assim, o segundo e terceiro ano trabalham juntos, bem como o quarto e o quinto ano. A partir do sexto ano, todos podem desenvolver projetos juntos.

Ao final do trimestre, as descobertas são compartilhadas com a escola, famílias e comunidade com a organização de uma Feira de Ciências. “É um aprender para a vida. Hoje, eu percebo, por exemplo, que temos mais problemas de indisciplina na parte seriada do que nos momentos dos projetos. Isso porque quando eles estão trabalhando com os temas de seus interesses ficam mais motivados e focados.” 

E para a diretora, a inovação deve servir a isso: dar um significado diferente para a aprendizagem. “É muito melhor gostar daquilo que se está fazendo. Os alunos têm potencial para mais e aqui eles constroem juntos com os professores, não tem nada que chegue pronto. E tudo que você constrói junto tem um valor diferente”, conclui.

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