12/06/2019
O que uma escola localizada na zona rural do Rio Grande do Sul, a EMEF Zeferino Lopes, tem em comum com a Escola Municipal André Urani, situada na Rocinha, no Rio de Janeiro? E como ambas se relacionam com a EMEF Maria Luiza Fornasier Franzin, instalada no segundo menor município do País, Águas de São Pedro (SP)?
Sob essa provocação, oitos escolas inovadoras estiveram reunidas nos dias 10 e 11 de junho, em São Paulo, para refletir sobre o que é inovar e como esta ação se manifesta no dia a dia de alunos, gestores e educadores.
Apesar de heterogêneas entre si, todas têm algo em comum: são integrantes do programa Inova Escola, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo criado em 2013 com a finalidade de apoiar modelos e conceitos inovadores de educação, além de inspirar outras instituições a também mudar com uso dos mais variados recursos.
Para além das citadas, também estiveram presentes as escolas inovadoras EMEF Presidente Campos Salles (SP), a EMEF Desembargador Amorim Lima (SP), a Escola Estadual Mauro de Oliveira (SP), a Escola Municipal Manoel Domingos de Melo (PE) e o Colégio Estadual Norma Ribeiro (BA).
Quase seis anos depois do primeiro encontro da rede Inova Escola, o tom da conversa foi de sistematização das aprendizagens e trocas vivenciadas conjuntamente. No primeiro encontro, dia 10, Iago Hairon, do Engajamundo, organização de liderança jovem, falou sobre a potência da organização em redes e como mantê-las articuladas.
No dia 11, por sua vez, com a sala coberta por post-its coloridos que destacavam perguntas disparadoras e suas respostas, os processos de inovação educativa trilhados pelos distintos contextos foram debatidos e refletidos em grupo para evidenciar desde sua motivação até os impactos por eles gerados.
“A verdade é que muitos querem esperar pela situação ideal para inovar, mas o que temos é a situação real e é nela que temos que atuar. Outro erro comum é dar mais importância ao ponto de chegada do que ao ponto de partida. Precisamos olhar para o que está acontecendo na escola naquele momento que nos faz querer mudar”, colocou Marisa Romeno, da Campos Salles.
E foram muitas as motivações levantadas pelo grupo de escolas inovadoras desde a vontade de vivenciar novos aprendizados, de desafiar-se, fazer diferente, aprimorar processos até mesmo a curiosidade.
Tão vários quanto os pontos de partida foram também os desafios. Marcela de Oliveira, da escola André Urani, apontou um deles: “A dificuldade da escola pública é sempre a de engajar o professor, porque temos muitos de licença, em situação de remanejamento. Então estamos sempre nessa dança das cadeiras e com o desafio de engajá-los, pois mudar dá trabalho e muitos não querem fazê-lo ou deixam sempre para depois.”
Além da questão do comprometimento do corpo docente, a falta de clareza, de formação específica, de recursos materiais, de fluência digital, de tempo para planejamento e de parceria foram apontados como outros desafios para que a inovação saia do campo das ideias.
“Já uma coisa que faz a prática ter credibilidade é quando ela considera o meu contexto, minha realidade. Não adianta apresentar uma prática inovadora que é impossível ou não faz sentido de ser aplicada na minha escola”, colocou Jéssica Nascimento, da EE Mauro de Oliveira.
Por fim, após uma rodada de apresentação das principais práticas de referência desenvolvidas pelas oito escola do Inova Escola, foi chegada a hora de apontar os princípios norteadores comuns.
A lista foi extensa e destacou os seguintes conceitos: trabalho colaborativo, protagonismo estudantil e docente, respeito às singularidades dos indivíduos, horizontalidade das relações, participação da comunidade, empatia/ afeto/acolhimento, espaço contínuo de aprendizagem, busca pela formação integral do indivíduo, intervenção do território, disposição para a escuta, ressignificação dos tempos e espaços. Em suma, todas concordaram – orgulhosas – ser escolas democráticas e inclusivas.