18/09/2018
Troca de experiências com educadores de 12 escolas; rodas de conversa sobre Políticas de Educação no Estado de São Paulo, Escola sem Partido, Desmedicalização na Infância, Gestão democrática na Escola, Base Nacional Comum Curricular, entre outros temas; debate sobre Desafios do Ensino Médio e Painel das Redes. Esses foram algumas das atividades que estiveram presentes na Conferência Nacional de Alternativas para uma Nova Educação (Conane) Paulista deste ano, realizada nos dias 15 e 16 de setembro, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Enzo Antônio Silvestrin, em São Paulo.
“Realizar este encontro não representa apenas uma reunião de pessoas. É resultado de um envolvimento de toda a comunidade escolar, de todos os segmentos, inclusive das crianças que até o dia anterior nos ajudaram a arrumar o espaço. Para nós, poder realizar o encontro aqui é muito importante porque traz todos os temas abordados para o território. A gente tem aqui a representação de muitas escolas e isso abre a possibilidade de aumentar o diálogo, de trazer essa energia para dentro da escola a serviço de uma educação de qualidade, democrática”, explica Sandra Regina da Silva Brugnoli Bouças, diretora da escola que sediou o evento.
Uma das iniciativas a apresentar sua experiência foi o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Campo Limpo. Com base nos conceitos de Paulo Freire, o CIEJA Campo Limpo se dedica à educação de jovens e adultos.
A instituição oferece atividades com temas sugeridos pelos educandos, projetos na comunidade e até a construção de um currículo que aborde as demandas de assuntos da região do Capão Redondo, onde ela está localizada.
“A nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação [LDB] é uma das mais modernas do mundo, se seguirmos o que diz a Lei, podemos seguir com autonomia para organizar e desenvolver uma educação que garanta a aprendizagem de todos”, explica Eda Luiz, diretora do CIEJA.
Segundo ela, a educação tem que respeitar e promover a diversidade, além de estar aberta à comunidade. “Temos muito o que mostrar para o mundo sobre como fazemos uma educação na diversidade, na diferença, com uma escola aberta. É preciso abrir para respirar, para fluir. A escola que se fecha, fecha a violência para dentro dela”, afirma.
O debate sobre os desafios do Ensino Médio se deu no segundo dia do encontro e contou com a participação de Maria Amélia, do Colégio Viver, Lilian dos Santos Carvalho, da Escola Estadual Fernão Dias Paes mediado pela Helena Singer, da Ashoka.
Durante o debate, Maria Amélia contou sobre a recente experiência do Ensino Médio no Colégio Viver, falou sobre os desafios e o entusiasmo de pensar, junto com os jovens, um currículo com sentido para esta etapa escolar. Lilian Carvalho, por sua vez, falou sobre as possibilidades de transformação deste modelo, amparadas pela lei, inclusive nas redes públicas.
“Uma questão importante para o Ensino Médio é a questão do tempo. Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, avançamos muito no debate em relação ao tema e viu-se que a ampliação de tempo é importante. Porém, isso é válido para o Ensino Médio? Os adolescentes devem estar mais tempo na escola?”, questiona Helena.
A questão do trabalho e Ensino Médio também foi levantada. “Qual é o papel do Ensino Médio em relação à integração do jovem no ensino do trabalho. Sabe-se que é uma minoria do jovem brasileiro que vai entrar no ensino superior. Então ele não deveria se chamar Ensino Médio, porque ele finaliza um processo educacional para a maioria dos estudantes. Como ele deve se organizar para que essa entrada não seja subalterna no mundo do trabalho e sim emancipadora? Essa é outra questão que eu não tenho resposta e acredito que os jovens têm muito a nos dizer sobre isso”, conta Helena.
O encontro também abriu espaço para o debate sobre as redes. Durante o debate, foi apresentado o Movimento de Inovação na Educação. Lançado em agosto deste ano, o movimento reúne mais de 100 iniciativas. Entre os integrantes estão escolas e organizações educativas que desenvolvem experiências inovadoras na educação a partir da criação e desenvolvimento de ações ligadas à gestão, currículo, ambiente, metodologias e articulação com outros agentes.
Raquel Coelho, responsável pela gestão do Movimento de Inovação, esteve no debate e reforçou a importância da inovação. De acordo com Raquel, o movimento defende uma inovação que seja resultado de uma produção de base, com uma produção coletiva e dialógica e que visa superar as desigualdades sociais e transformar seus contextos priorizando e valorizando o desenvolvimento integral de todas e todos.
Além do movimento, o debate contou também com a apresentação da Rede Nacional de Educação Democrática, da Rede de Escolas Inclusivas, da Rede Desmedicalização.org, do Fórum de Educação Integral de São Paulo e do Românticos Conspiradores, além das Comunidades de Aprendizagem (EcoHabitare).
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