29/08/2019

Confira como foi o webinário “Inovação como prática permanente”

Ocorrido nesta quarta-feira, 28 de agosto, o webinário “Inovação como prática permanente”, do Movimento de Inovação na Educação, colocou escolas e organizações educativas de todo o Brasil para compartilhar experiências inovadoras e os desafios de construir práticas que correspondam às necessidades contemporâneas da educação. 

Os obstáculos para se manter inovando, como fomentar espaços de experimentação e de práticas inovadoras em um contexto escolar tradicional, além da própria concepção de inovação, foram algumas provocações que deram o tom da conversa, mediada por Walquiria Castelo Branco, consultora do CESAR School.

“Muitas vezes, a inovação é associada somente à inovação tecnológica, à equipar as instituições escolares com computadores e afins. Pode passar por isso também, mas não só: processos inovativos são aqueles que dão respostas para questões pertencentes à comunidade. A capacidade de inovar está ligada ao ato de identificar esses desafios e elaborar respostas que façam sentido”, explicou a especialista em sua fala de abertura.

Nesta perspectiva, Walquiria também abordou a necessidade de maturação e sustentabilidade dos projetos inovadores. “Inovação é aquilo que transforma uma cultura. E uma cultura não muda da noite para o dia. Construir uma aprendizagem que ensine, de fato, as pessoas a fazerem perguntas e buscar respostas de forma coletiva leva tempo”, lembrou.

Experiências inovadoras: caminhos e desafios

Compartilhando suas próprias vivências, diversos educadores fizeram coro às colocações de Walquiria. Diretora da Escola Curumim, em Campinas (SP), Glaucia Ferreira atentou para a necessidade de trazer para o cotidiano aquilo que só fica no discurso. “Percebo que para isso, na maioria das vezes, não se precisa de grande parafernália. Está em construir uma relação de confiança com a criança, dentro da equipe pedagógica, com a comunidade, com os pais. E na diversidade: o acolhimento da diferença em sala de aula nos põe diante desse desafio de inovar de uma forma muito bonita, de rever velhos hábitos e práticas pedagógicas.”

Lucas, da Teia Multicultural, em São Paulo (SP), endossou esta perspectiva sobre experiências inovadoras. “Percebo que grande parte da inovação se dá entre educador e aluno. Escuto muito os educadores falarem da falta de apoio e tenho muita empatia. Mas também percebo que o que faz diferença é o material humano. É preciso trazer o vínculo junto com o conteúdo que está sendo trabalhado. O que tira o interesse do aluno é a percepção de que aquilo que ele aprende não está no mundo real, não tem utilidade prática. Então é preciso pensar caminhos para fazer esses ganchos.”

Julianna Cruz, diretora Escola Municipal Julia Amaral Di Lenna, localizada em Curitiba (PR), chamou a atenção, por sua vez, para um desafio comum a muitos educadores e instituições: a falta de tempo e excesso de tarefas. “Há o Projeto Político Pedagógico da escola e tantas outras coisas acontecendo que, por vezes, fica difícil efetivar coisas que deveriam ser simples, mas que na dinâmica da escola acabam passando.”

O necessário investimento em formação continuada foi a observação feita por Silvia Cardoso, da Casa da Árvore, localizada em Uberlândia (MG). “Como professora, venho buscando sempre me aperfeiçoar. Mas sinto que, às vezes, o professor quer inovar, mas não tem como. E assim a escola pública fica sem uma coisa nem outra: não tem nem a tecnologia nem pessoas que saibam como usá-la inovando. E isso só é possível a partir de um investimento na formação e valorização do professor.”

Educadora da Escola Comunitária Maramar, em Maraú (BA), Luciana de Aguiar falou sobre outros enfrentamentos. “As pessoas têm medo do que não conhecem. Inclusive, as crianças e adolescentes, que vêm com uma cultura escolar enraizada de outros locais. Então nós começamos muito pequenos e o grande momento de virada foi quando, depois de três anos do projeto, conseguimos apresentar resultados e a comunidade e prefeitura passaram a acreditar na gente.”

Daniel Wagner, da Escola Nossa Senhora do Carmo, situada na zona rural de Bananeiras (PB), lembrou ainda da importância de ver as experiências inovadoras não como um ponto de chegada, mas como uma trajetória. “No começo, tínhamos uma gestão democrática, mas ainda uma metodologia tradicional. Com o tempo, passamos a trabalhar com projetos de pesquisa no quais relacionamos o que o aluno quer aprender como o “como” ele quer aprender. Nesta perspetiva, demos protagonismo aos alunos. No mais, a gestão democrática ajudou a construir a identidade da escola. Hoje, para além da metodologia, somos reconhecidos pelos nossos valores e atitudes.”

Contribuições tão ricas e diversas levaram Vera Santana, integrante do grupo articulador do Movimento de Inovação na Educação, a seguinte conclusão: inovar é democratizar, “É buscar uma educação mais humana. Fico imaginando que inovar nessa conjuntura atual do Brasil talvez seja exatamente a possibilidade desses diálogos, tanto na escola quanto para fora dos seus muros”, refletiu.

Outros webinários

O webinário “Inovação como prática permanente” foi o primeiro realizado pelo Movimento em 2019. Até o fim do ano, outros dois encontros online estão previstos. 

Além disso, em 2018, foram realizados três webinários: o primeiro dedicado ao lançamento da plataforma virtual, com o tema “O que é inovação na sua prática educativa?”; o segundo sobre o conceito de inovação, trazendo a visão dos especialistas José Pacheco, Anna Penido e Helena Singer; e o último sobre propostas para fortalecer as iniciativas do MIE e compartilhar ideias de planos de ação para 2019.

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