08/03/2022

Rede de Mogi das Cruzes (SP) implementa protótipos de comunidades de aprendizagem

Alunos que dizem aos professores o que querem aprender, se organizam em formatos variados, evitando as carteiras enfileiradas, e aprendem por meio de projetos, sob a tutoria dos professores, que dialogam não só com a escola, mas toda comunidade. É o que vem acontecendo em sete escolas da rede municipal de Mogi das Cruzes (SP), que apoiados pela gestão pública, iniciaram um movimento de inovação pedagógica e hoje atuam como protótipos de comunidades de aprendizagem.

A iniciativa, batizada de “Programa Educação Humanizada, Integral em Comunidades de Aprendizagem”, teve início em 2021, quando a Secretaria Municipal de Educação, em parceria e sob a mentoria do professor José Pacheco, começou um trabalho de sensibilização e formação dos educadores da rede na perspectiva da educação transformadora. Entre os pilares deste novo olhar, estava a necessidade de mudar o trabalho solitário do professor para um trabalho solidário.

O projeto se iniciou com algumas poucas turmas e agora ganha envergadura com as sete escolas participantes, impactando cerca de 900 crianças e suas famílias, e tem a intenção de se alastrar ainda mais pela rede de Mogi das Cruzes. Hoje, os protótipos de comunidade de aprendizagem acontecem nas seguintes instituições: EM Profª Florisa Faustino Pinto; EM(R) Benedito Pereira de Paula; EM Profª Maria Luiza Menezes da Fonseca; CEIM Profª Adahyla Marques Campos Carneiro; CEMPRE Ver. Ivan Nunes Siqueira; EM Profª Cleonice Feliciano e EM Profª Sonia Brasil de Siqueira Andreucci.

“A gente teve uma conquista muito grande no final do ano passado que foi conseguir a atribuição de dois professores por turma de cerca de 30 alunos. Então agora temos professores trabalhando em duplas e cerca de 15 alunos por tutor”, conta Tina Carvalho, educadora e integrante da iniciativa.

Outra conquista, relata a especialista, foi a do uso facultativo sequencial das Orientações Didáticas prescritas pela rede. “É um grande avanço considerando que nas redes públicas tudo costuma ser padronizado e sequenciado.”

E apesar de pioneira, Mogi das Cruzes não está sozinha nessa empreitada. Até novembro de 2022, todo dia 26 do mês, em homenagem aos 100 anos de Darcy Ribeiro que será comemorado em 26 de outubro, a iniciativa irá realizar encontros virtuais com todas secretarias que estão envolvidas com este movimento. Até o momento, são 13 secretarias municipais do Brasil e 14 agrupamentos de Portugal. “São gestões que estão querendo trocar saberes entre si, para entender e fazer essa transformação. É comum ouvirmos ‘mas quem já fez isso?’, então é um jeito de conectá-las e juntos termos mais voz”, conta Tina.

Outra provocação que vem pautando as ações do projeto é a de que, após todas as falhas e dificuldades evidenciadas pela pandemia, é impossível retomar a escola de antes. “Se a gente fizer mais do mesmo, vamos ter os mesmos resultados: professores solitários e não solidários, detentores do saber, com crianças enfileiradas, receptáculos vazios. E o Ideb como ‘índice de decoreba’. Até quando a gente vai medir a aprendizagem por essa régua?”, questiona Tina.

Para ela, o mais interessante da experiência que vem ocorrendo em Mogi das Cruzes é que todas as escolas sabem aonde querem chegar, mas cada escola está dando o passo no seu ritmo. “A gente respeita isso. Se esperamos que os professores respeitem o ritmo das criança, a rede pública também precisa respeitar o ritmo das escolas”, enfatiza.

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