24/06/2019
Com o objetivo de pensar uma nova educação, mas também “trazer esperança para todas e todos”, de 20 a 22 de junho, aconteceu na UnB, em Brasília, a CONANE 2019 – a Conferência Nacional de Alternativas para uma nova Educação. Sob o mote da educação e direitos, o encontro organizou palestras, oficinas e rodas com recortes variados, possibilitando trocas entre diferentes atores da educação.
Ainda no primeiro dia do evento (20), Natacha Costa apresentou o Movimento de Inovação na Educação para uma plateia marcada pela diversidade, destacando a necessidade de ampliar a demanda social por inovação na educação, fortalecendo essa agenda no Brasil.
“A gente entende que esta discussão sobre inovação na educação precisa estar mais democratizada e apropriada pela população brasileira. O modelo de escola tradicional ainda é um modelo desejado e a gente precisa justamente criar estratégias para ter demanda por estas abordagens inovadoras”, disse a integrante do Movimento de Inovação na Educação.
Outro ponto explorado por Natacha foi o do cuidado com a produção de conhecimento territorializado. “A gente vê muitas referências estrangeiras sobre inovação ou de instituições que não atuam de fato na Educação Básica e a ideia é que a gente possa estimular a produção de conhecimento a partir de nossa realidade”.
A especialista ainda chamou atenção para o papel fundamental que a educação assume diante dos atuais desafios que se colocam em termos de gestão. “Estamos vivendo em uma sociedade em crise em vários níveis e a educação que queremos é aquela que traga uma aprendizagem significativa, contextualizada, que respeite e coloque as identidades dos estudantes e das comunidades, que coloque a educação, a escola a serviço de uma experiência humanizadora”, disse.
A educação como território de diálogos e resistência foi a temática aprofundada por Célia Xakriabá, primeira mulher indígena a abrir uma CONANE nacional. Para ela, que atuou na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, ainda é preciso descolonizar nossas mentes e corações e retomar a sacralidade da terra.
“Neste cenário que estamos vivendo, precisamos fortalecer nossa capacidade e potência de pensar uma outra educação. E ou fazemos isso agora ou de novo a história não irá perdoar. Os territórios indígenas, as comunidades tradicionais, o corpo das mulheres sempre estiveram na condição do objeto de pesquisa. Então é importante pensar neles como lugares de produção de conhecimento e de reconstrução de uma educação emancipatória”, apontou.
Ainda no campo das identidades e territórios, Maria Aparecida Mendes, do Quilombo Conceição das Crioulas, localizada no sertão central de Pernambuco, apontou: “Queremos uma educação inclusiva que respeite e valorize a cultura do povo e os saberes tradicionais. E que possa fazer um diálogo entre educação científica, da academia, e a educação quilombola, passada de geração em geração, sem deixar de lado a oralidade.”
A mediadora Maria Alexandra Militao Rodrigues, portuguesa, concordou. “Se as palavras estão grávidas do mundo, como diria Paulo Freire, cometemos um genocídio. Foi imposto um idioma único do invasor o qual chamamos de língua materna. Quantas possibilidades de reverenciar a vida poderíamos ter aprendido que se foram?”, provocou.