31/07/2020
Publicado originalmente no Porvir
As pesquisas feitas com professores durante o período de aulas remotas causadas pela pandemia do coronavírus (COVID-19) trazem sempre como destaque o desgaste emocional. Além de cumprir uma carga horária maior, ter que realizar realizar um trabalho para o qual não estavam formados, eles ainda vivem a dificuldade de não conseguir chegar a todos os alunos, que também pedem apoio para lidar com a ansiedade e a incerteza do momento. Para apoiá-los, o Quero na Escola e Fundação SM anunciam o projeto “Apoio Emocional”.
Educadores que buscam uma escuta profissional ou ajuda para lidar com as angústias de seus estudantes podem se cadastrar para receber atendimento voluntário, gratuito e online. Do outro lado, psicólogos e psicoteraupeutas estão sendo convidados a participar desta ação que reconhece o esforço das professoras e professores e valoriza a saúde emocional como necessidade para a educação no contexto da pandemia.
Pelo site do Apoio Emocional educadores podem se inscrever para pedir uma escuta para si, uma roda online com os alunos, uma aula sobre como abordar o tema ou o que acharem que precisam.
“Eu tinha aluna pra ganhar bebê, outra que passa necessidade e nem temos os contatos deles”, comenta uma professora. “Tenho aluno com ansiedades cada vez maiores, que me mandam mensagem até de madrugada e não sei como lidar”, coloca outro educador do grupo ouvido pela Quero na Escola.
A diretora da Fundação SM, Pilar Lacerda, ex-secretária Nacional de Educação Básica, enfatiza que a pandemia provocou uma grande ruptura em toda lógica de funcionamento do sistema escolar. “Crianças, adolescentes, jovens, suas famílias, mas principalmente os educadores, sofreram uma imensa transformação em suas rotinas, hábitos e maneiras de trabalhar. Muitos educadores têm reclamado de angústia, cansaço, solidão. Toda a comunidade escolar anda precisando de apoio e escuta”.
“Os professores não ganharam matéria em jornal e nem aplausos porque não são considerados ‘linha de frente’ como profissionais da saúde, mas são a retaguarda fundamental e precisam de apoio emocional”, comenta Cinthia Rodrigues, cofundadora do Quero na Escola.
Diferentes pesquisas apontam a fragilização da Saúde Emocional na Educação durante a pandemia. A pesquisa “Juventude e a Pandemia do Coronavírus“, do Conselho Nacional de Juventude, apontou que a saúde emocional piorou para 70% dos mais de 30 mil estudantes consultados. Já a pesquisa “Educação escolar em tempos de pandemia na visão de professoras/es da Educação Básica“, da Fundação Carlos Chagas, mostra que o trabalho aumentou para 65% dos educadores e metade está com mais ansiedade e dificuldade emocional do que antes da pandemia.
Se no primeiro momento, todos olharam para a saúde, pensando em hospitais e no distanciamento social, segundo a cofundadora do Quero na Escola agora é a hora de lidar com os traumas em consequência da COVID-19, começando pelo local de formação da sociedade e pelos professores responsáveis por crianças e jovens.