17/06/2019
Estudantes de todos os estados do Brasil circulam pelo campus da Escola Sesc de Ensino Médio, localizado no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Eles são os selecionados para estudar na disputada escola-residência, inaugurada em 2008, que atende aproximadamente 500 jovens gratuitamente e chama a atenção do País pelo seu caráter inovador.
Para além da questão da estrutura – são mais de 130 mil m² com laboratórios, piscina, complexo esportivo e muitos outros equipamentos –, a Escola Sesc de Ensino Médio se considera uma comunidade de aprendizagem que propõe uma educação efetivamente integral, isto é, que vai além da questão da jornada estendida ao mirar o desenvolvimento das múltiplas dimensões do sujeito.
Para tanto, traz uma metodologia centrada no aluno, tendo em vista sua preparação para seu projeto de vida – concepção pedagógica que compartilha com as demais escolas Sesc voltadas para a Educação Básica como explica Cynthia Rodrigues, gerente de Educação do Departamento Nacional do Sesc.
“As escolas do Sesc possuem autonomia para construir seus processos educacionais, contemplando de forma personalizada a realidade de seus alunos. No entanto, algumas estratégias vêm sendo cada vez mais valorizadas. Dentre elas, a crescente influência da cultura maker nos projetos pedagógicos, resgatando a aprendizagem mão na massa e trazendo o conceito de aprender fazendo”, conta.
Outra estratégia comum é a utilização de espaços diversificados de aprendizagem que aproximam o aluno das situações do mundo real, a valorização da criatividade e da autonomia dos sujeitos, bem como a interdisciplinaridade. O currículo das escolas é construído de forma a evidenciar que nenhum saber está isolado e que não há hierarquia entre diferentes campos de conhecimento.
“O conhecimento não é dividido em “caixas”. Hoje, observamos um movimento cada vez maior de integração dos saberes que pode ser evidenciado pelo uso de projetos integradores nas escolas e desenhos curriculares interdisciplinares baseados em competências – como a própria BNCC“, explica Lucia Prado, diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc.
Neste entendimento, as escolas do Sesc têm como característica a organização do trabalho pedagógico em projetos interdisciplinares, por meio do uso de metodologias ativas.
As escolas investem também na formação continuada dos educadores e na troca de experiências, além da reflexão e debate sobre a ressignificação do papel do professor no cenário contemporâneo. “Acreditamos que trazer novos conhecimentos que enriqueçam o repertório dos docentes é uma estratégia que pode resultar em bons frutos para a ação educativa”, diz Lucia.
Nessa perspectiva, a Educação do Sesc atua em duas frentes: o Projeto Formação Presencial, que proporciona cursos imersivos em temáticas importantes para a prática docente aprimorando as percepções sobre uma ação educativa mais inovadora, com foco no aprendizado do aluno; e a Plataforma Rede.S (Rede de Educação Sesc), na qual todos os educadores do Sesc têm a oportunidade de trocar experiências, formar um banco de recursos educacionais construído colaborativamente por meio de uma rede social interna e montar grupos de discussão e de trabalho.
Além disso, pelo fato do Sesc ser uma instituição que conta com cinco frentes de ação (além da Educação, atua na Cultura, na Saúde, no Lazer (esportes) e na Assistência), isso faz com que promova a integração entre as diferentes áreas de formação humana. “Também há parcerias com o Senac, por exemplo, para a oferta de qualificação profissional. E temos também incentivado o diálogo com o território, entendendo-o como importante espaço pedagógico, pois propicia outras oportunidades de aprendizado os estudantes”, aponta Cynthia.
Todas estas ações têm como norte o compromisso com a educação integral. “A diversificação dos espaços e ampliação de tempos, em articulação com o território, com organizações da sociedade civil, com a comunidade e a família beneficiam o aluno significativamente, contribuindo para a sua formação não apenas como aprendente, mas também como cidadão”, acrescenta Lucia.