19/07/2022

Com mesas sobre questões sociais, Festival LED reforça que inovação passa por escola mais humanizada

É relevante que o tema escolhido para pautar a mesa de abertura da 1ª edição do Festival LED – Luz na Educação, que aconteceu entre os dias 8 e 9 de junho, no Museu do Amanhã e no Museu de Arte do Rio (MAR), localizados no Rio de Janeiro (RJ), tenha sido a necessidade de uma educação antirracista. Considerando que a proposta do evento era apontar os caminhos para a inovação educacional no país, a escolha foi certeira ao reiterar que esta transformação só é possível a partir de uma sociedade mais inclusiva e justa.

No palco “A ponte para o futuro vem do passado: uma educação crítica e antirracista”, Ângela Figueiredo, coordenadora do grupo de pesquisa Coletivo Angela Davis, o rapper Emicida e a escritora e professora Conceição Evaristo compartilharam suas próprias vivências na escola pública – tantas vezes hostil à sua presença – e como as práticas e leis antirracistas, como Lei federal 10.639, de 2003, são urgentes para aproximar a escola e seu currículo da realidade das crianças e jovens, sobretudo, os das camadas mais vulneráveis da população brasileira.

“Um evento deste porte trazer para a discussão essa temática mostra que estão finalmente entendendo o que está por trás desse currículo enlatado, desconectado dos estudantes”, resume Helena Singer, que esteve presente no evento, representando a Ashoka e o Movimento de Inovação na Educação.

Assim, mesas sobre novas tecnologias, plataformas e games dividiram o foco com outras que apontaram que a inovação passa, sobretudo, por uma escola mais humanizada. Além da barreira da raça, o encontro deu ênfase para a necessidade de uma escola mais inclusiva no tocante ao gênero, a necessidade de abrir-se mais para diferentes formas de arte e cultura, a relevância de debater saúde mental dos estudantes, consciência ambiental, entre outros tantos pontos caros aos tempos atuais.

Com a presença de figuras midiáticas como IZA, Drauzio Varella, Maju Coutinho e Fabio Porchat, o evento também conseguiu atrair um público mais amplo, com destaque para as juventudes. “Outra coisa interessante foi a diversidade das pessoas que participaram e a presença em peso da meninada. Foi um esforço do Museu do Amanhã e do MAR, que têm essa dinâmica de estar perto das comunidades e dos jovens. Mostrou também como as juventudes estão ávidas por coisas presenciais”, conta Helena.

No Festival, promovido pela Globo e Fundação Roberto Marinho, foram também anunciados os vencedores do prêmio Movimento LED, que homenageia iniciativas que já estão inovando no setor educacional e engajadas em promover transformações reais nas formas de ensinar e aprender.

O futuro começa na infância

Com o objetivo de representar as perspectivas e direitos das crianças e adolescentes, o Instituto Alana contou com um espaço próprio no Festival. “O compromisso do Alana foi o de garantir um debate e o compartilhamento de experiências de educação transformadora pela perspectiva das crianças e adolescentes. Não apenas falar sobre eles,  mas trazê-los representados por meio do audiovisual, do entretenimento e da comunicação”, conta Raquel Franzin, coordenadora de educação do Instituto Alana e integrante do coletivo articulador do Movimento de Inovação na Educação.

O palco deu conta de costurar esta visão com grandes temas da atualidade como crise climática, política, protagonismo, entre outros. Deu ênfase também ao livre brincar, uma tema caro à organização. No evento, o Alana promoveu um cine-debate em cima do lançamento de seu novo documentário “Brincar Livre – De dentro para fora”, feito em parceria com o Território do Brincar e que fala sobre como foi a transformação desta prática da infância em tempos de pandemia.

“A gente entende que é importantíssimo que esses movimentos de inovação e transformação na educação considerem a perspectiva do desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Muitas vezes, a gente muda a metodologia, o conteúdo, o ambiente, sem considerar esses sujeitos de agência. E a mudança é relacional, atitudinal, mexe com a relação social dentro das escolas. É sobre incluir atores que sempre foram excluídos do processo”, defende Raquel.

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