21/02/2019
O Colégio Estadual Norma Ribeiro (CENOR), apoiado pelo programa Inova Escola, lançou um e-book com suas práticas pedagógicas. O documento, chamado Experiências Pedagógicas 2018 – Relatos de professores do Colégio Estadual Norma Ribeiro (CENOR), reúne 17 experiências, algumas delas interdisciplinares, descritas e vividas por 16 professores ao longo do ano passado.
O lançamento da publicação ocorreu na Jornada Pedagógica do colégio, localizado em Salvador (BA). Durante os cinco dias da Jornada, foi feito um balanço por meio de indicadores internos e externos da comunidade escolar.
Junto da direção do Colégio Norma Ribeiro, os professores avaliaram o que está funcionando e o que precisa ser melhorado, ouviram alunos por meio do grêmio estudantil e direcionaram os temas a serem abordados ao longo do ano.
E foi a abertura da Jornada – que também contou com a presença de Jerônimo Rodrigues, recém-empossado secretário estadual de educação da Bahia – o momento escolhido para mostrar aos professores o resultado da sistematização dos trabalhos desenvolvidos ao longo de 2018 em um documento digital.
O e-book com práticas pedagógicas começou a ser construído durante atividades de formação do programa Inova Escola, que provocaram os professores a repensarem a forma de passar o conteúdo e desenvolver o ensino.
Os encontros de duas horas – semanais para turma do diurno e quinzenais para a turma do noturno – foram finalizados em novembro e seguiram metodologia baseada em temas como personalização do ensino e gestão democrática.
Segundo Marilene da Encarnação Leone, coordenadora pedagógica do CENOR, quem trabalha com educação não costuma ter o hábito de registrar tudo o que faz e é como se as ações se perdessem com o passar do tempo.
“Hoje a gente está na escola, mas não sabe se vai estar amanhã. Nosso objetivo é deixar realmente um registro de práticas pedagógicas de sucesso. A gente pode inovar ano após ano, mas sem perder o que foi feito de qualidade”, explica.
Mais que o legado deixado para o colégio, a criação do e-book permite uma reflexão de tudo o que foi feito e dos desafios enfrentados nas diversas disciplinas. Outros pontos positivos trazidos pela publicação são o reconhecimento de resultados e a troca com a comunidade escolar.
“Há essa possibilidade de intercâmbio entre outras escolas e professores. Seria bacana que as escolas em geral fizessem essa divulgação. Vale destacar que a sistematização foi feita de uma forma muito simples, justamente para que fosse acessível e para que as pessoas pudessem entender um pouco como aquilo aconteceu”, afirma consultora Carla Aragão, integrante da equipe de apoio do Inova Escola.
A professora Bárbara Vilas Boas participou de três práticas descritas no e-book: Gincana Cultural CENOR – Somos Todos Irmão Ubuntu, CENOR na Medida Certa e Documentário sobre a cor da pele: Desafios e Representatividade. O documentário, produzido junto aos alunos do 2º ano do Ensino Médio, debateu o enfrentamento do racismo dentro da temática da Consciência Negra. Responsável pelas aulas de educação física, a professora sugeriu contar a trajetória de sucesso de atletas baianos e assim levou os alunos a explorarem diversos territórios.
O ex-jogador de futebol João Marcelo, campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, foi entrevistado na Arena Fonte Nova. Edvaldo Valério, primeiro negro da natação brasileira a ganhar medalha em jogos olímpicos, foi ouvido no clube em que trabalha atualmente. E Rogério Xodó, que foi criado no Arenoso, bairro do Colégio Norma Ribeiro (CENOR), trouxe a noção de pertencimento aos alunos ao mostrar onde começou a jogar bola.
A atividade não só valorizou a superação de preconceitos, mas também fez com que os jovens se sentissem representados pelas histórias contadas. Além disso, eles puderam colocar em prática o que estava sendo ensinado na Oficina de Comunicação Digital. Todo o trabalho de gravação, edição de imagens e divulgação dos vídeos nas redes sociais também ficou a cargo dos alunos.
A professora Bárbara Vilas Boas afirma que a importância do e-book com práticas pedagógicas está em compartilhar e fazer com que outros educadores se inspirem a sair da zona de conforto. “Quando o professor vê que é possível passar o conteúdo de uma forma diferente, atrai o aluno para a sala de aula e faz com que ele participe mais”, afirma.
Para a educadora, o registro faz com que os ensinamentos sejam eternos.
“Vou guardar esses vídeos para o resto da minha vida! É eternizar a produção dos meninos e esse protagonismo. Eles são capazes de produzir coisas belíssimas, é só ter oportunidade”, relata, orgulhosa.