15/02/2019
Publicado em 15 de fevereiro de 2019
Por Portal Porvir
Laboratórios destinados à criatividade já se tornaram uma tendência na educação. Com a proposta de levar metodologias inovadoras e atividades mão na massa para três escolas de tempo integral da rede pública do Amazonas, um projeto piloto desenvolvido por pesquisadores e colaboradores da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) envolveu professores e estudantes na construção de um mini espaço maker.
Viabilizado com o apoio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas), que possibilitou um pequeno investimento em equipamentos e material de custeio, o projeto Makers 4.0 foi desenvolvido nos Centros Educacionais de Tempo Integral Professor Manuel Vicente Ferreira Lima, em Coari, Dom Edward Masrkel, em Itacoatiara, e Professor Engenheiro Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, na periferia de Manaus. A iniciativa foi uma das experiências educacionais apresentadas nesta quarta-feira (13), na 12ª edição da Campus Party Brasil, que acontece até o final desta semana em São Paulo (SP).
Diante da necessidade de criar um laboratório maker que pudesse se adequar às necessidades de cada instituição, o projeto foi desenvolvido de forma colaborativa. “Nós não demos um espaço pronto. Convidamos a comunidade e os alunos a construírem”, explica Elio Molisani, professor do departamento de física da Universidade Federal do Amazonas, cocriador do grupo de pesquisa UFAMakers e membro do Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP.
“Nós não demos um espaço pronto. Convidamos a comunidade e os alunos a construírem”
Em uma parceria entre a UFAM e a Seduc (Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino), a escolha das escolas de tempo integral foi motivada por uma série de fatores que poderiam facilitar a viabilização do projeto. Além da disponibilidade de espaço físico para a estruturação do mini espaço maker, o regime de dedicação integral do professores e a possibilidade deles contarem com o assessoramento de um técnico de TI foi fundamental para o desenvolvimento do piloto.
Com a preocupação inicial de não construir mais um laboratório de química ou de física, que ficaria restrito ao uso de apenas alguns professores, o Makers 4.0 partiu de uma imersão na universidade para que todos os educadores pudessem vivenciar a cultura maker.
“Muitos professores se engajaram de uma maneira extraordinária. Não apenas da área de exatas, mas de artes, de filosofia. A tecnologia é transversal, ela mexe com todas as áreas do conhecimento”, destacou Marisa Cavalcante, professora titular pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e atualmente professora do departamento de física da Universidade Federal do Amazonas, onde coordena o laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão UFAMakers.
“Muitos professores se engajaram de uma maneira extraordinária. Não apenas da área de exatas, mas de artes, de filosofia. A tecnologia é transversal, ela mexe com todas as áreas do conhecimento”
Realizado entre agosto e dezembro de 2018, o projeto promoveu três encontros semanais, com três horas de duração, em cada uma das escolas selecionadas. Para dar início às atividades, pesquisadores da universidade visitaram as instituições e divulgaram a proposta entre os estudantes do ensino médio. A partir de uma lista inicial de interessados, professores de cada uma das instituições ficaram responsáveis pela seleção de 30 jovens que seriam contemplados com uma bolsa de Iniciação Científica Júnior para participar do Makers 4.0. Como contrapartida, eles assumiram o compromisso de repassar os conhecimentos adquiridos nas oficinas aos outros colegas.
Entre as atividades que foram aplicadas nas escolas, professores e estudantes participaram de módulos voltados para a construção de estruturas e equipamentos, controle de máquinas pelo computador, compreensão de algoritmos, introdução de conceitos de programação por meio do Scratch e até mesmo a utilização do Arduino, plataforma que permite controle e a automação de diversos dispositivos.
Desde a implementação, os laboratórios já deram origem a diversos projetos criativos que foram desenvolvidos e prototipados pelos próprios estudantes. Em Itacoatiara, por exemplo, um grupo criou um dispositivo que avisa ao usuário quando uma planta precisa ser regada. Outra equipe teve a ideia de elaborar um sistema de descarga inteligente que possibilita a economia de água.
Na avaliação da professora da UFAM, a forma como a comunidade escolar se apropriou do espaço maker desde a sua concepção fez toda a diferença para o desenvolvimento da experiência. “O projeto acontece de acordo com a realidade de cada local. Eles criaram espaços adequados a realidade deles”, diz Marisa.
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