Quando foi lecionar em uma escola do bairro de Pirambu, na periferia de Fortaleza (CE), Emanuelly Ferreira de Oliveira se viu diante de alguns desafios. “Era um bairro muito violento, eu dava aula no período noturno e tinha alunos na faixa etária dos 15 aos 70 anos”, lembra.
Apesar das dificuldades não serem poucas, a professora também via a potência daquele território. “Para além da violência, havia uma comunidade que ninguém via, cheia de histórias de vida e projetos interessantes. Então comecei a pensar em uma forma de empoderá-los através da educação”, conta.
A constatação de que os alunos eram inseparáveis de seus smartphones e redes sociais foi o pontapé inicial para a ideia de construir um canal de aprendizado em rede. Isto porque muitos se mostravam despreparados para o uso crítico destes instrumentos digitais em variados contextos como o da segurança na web, nos grupos de whatsapp e das fakenews.
“Todo mundo era muito conectado, mas a maioria não usava a internet de forma segura e também não a convertiam em um conhecimento válido. Então comecei a trabalhar na escola a tecnologia na perspectiva de um ciberativismo, porque quando as pessoas estão conectadas de forma positiva, isso incrementa vários aspectos da sociedade. Ali estava começando o Social Brasilis.”
Criado em 2015, o Social Brasilis desenvolve programas educativos com o objetivo de proporcionar alternativas de empoderamento para os jovens, tomando como base o empreendedorismo social e a tecnologia digital. Para tanto, vale-se de plataformas virtuais de aprendizagem que preparam seus usuários para um futuro profissional e para a inovação educacional.
Com um conteúdo pensando para uma educação mais “maker” e dinâmica, a plataforma auxilia os jovens a se tornarem protagonistas sociais e já impactou cerca de 10 mil pessoas, aplicando uma premissa simples: é preciso que aquilo aprendido por meio da ferramenta seja aplicado em um contexto mais amplo.
“O maior desafio era trazer aquele conhecimento que estava na tela do computador para o mundo offline, que é onde as pessoas de fato vivem. Então começamos a trabalhar com a metodologia da sala de aula invertida. Hoje, os participantes interagem na plataforma, mas também precisam colocar aquilo que aprenderam em prática seja na forma de projeto, de uma iniciativa social, na sua empresa ou na escola. E é isso que faz toda a diferença”, defende Emanuelly.