Em meio a uma praça pública de Irecê, no interior da Bahia, uma construção chama a atenção dos transeuntes. O que de longe parece ser uma grande casa para passarinhos surpreende quem dela se aproxima: está recheada de livros, todos à disposição de quem quiser levá-los para casa.
Por trás desta pequena biblioteca informal batizada de Casinha de Livros está a ávida leitora Clara Beatriz Dourado, de 12 anos, hoje estudante do 8º ano. Quando tinha apenas 10, criou o projeto como uma forma de incentivar a leitura entre crianças, jovens e adultos. “Fiz uma viagem a Salvador e vi essa casinha com livros. Como na minha cidade não tinha nada parecido, convenci meus pais a construírem uma”, conta.
A primeira casinha foi abastecida com o próprio acervo da garota e fez tanto sucesso que a ideia se espraiou. Hoje, são nove casinhas instaladas, estando seis delas em Irecê, uma em Central (BA), uma na comunidade quilombola de Lagoa das Batas, em Ibititá (BA), e uma na Ilha de Marajó (PA). “Desde cedo, eu amo literatura. Minha mãe sempre me incentivou a ler. Então o objetivo do projeto é fazer com que cada vez mais pessoas tenham acesso à leitura”, explica a jovem.
Além de promover esta aproximação, o projeto tem mostrado o potencial para a aprendizagem de outros espaços além da escola, transformando as praças da cidade em verdadeiros pontos de cultura. Exemplo disso é o relato da professora Taise, da Escola Municipal Sinesia Caldeira Bela, que visitava a praça para fazer um piquenique com seus alunos quando se deparou com a casinha. “Ficamos muito felizes, então acrescentamos ao nosso passeio o momento de leitura com os livros e os levamos. Logo estaremos trazendo outros para que outros coleguinhas possam ler assim como nós.”
Os livros disponibilizados nas praças públicas são oriundos de doações. Qualquer pessoa pode pegar ou deixar um livro, seja ele novo ou usado. “Mas o principal canal por onde tenho mobilizado pessoas interessadas em fazer doações é o Instagram”, conta Clara Beatriz.
Por conta deste alcance trazido pelas mídias digitais, além da criação e manutenção das casinhas, Clara Beatriz também protagoniza em seu perfil na rede social (@projetocasinhadelivros) lives para dar dicas de leitura, divulgar autores e estimular o hábito de ler. “Já entrevistei autores mirins e adultos, feministas, jornalistas, entre vários outros perfis”, conta.
Para ela, as casinhas vêm fazendo a diferença. “Acho que meu projeto ajudou as crianças a lerem mais. E isso é muito bom porque, para mim, os livros podem mudar a vida de várias formas. Eles ajudam a gente a falar melhor, a escrever melhor e ativam nossa imaginação.”