Uma vez conhecida como a “capital nacional do petróleo”, os moradores de Macaé, no Rio de Janeiro, observaram de perto o boom das atividades ligadas ao setor no Brasil, como também os problemas causados pela decadência da indústria nas últimas décadas: desemprego, violência, danos ambientais, entre tantos outros.
Natural do município, Juliana Muller, 18 anos, percebeu como parecia haver uma barreira entre aquilo tudo que estudava em sala de aula e os problemas que afetavam seu território. “Percebi que precisávamos entender o que estava acontecendo para além da esquina da escola. As salas de aulas acabam sendo um ambiente privilegiado de conhecimento e eu queria levá-lo para outras pessoas, para o mudo real. ”, explica.
Com esse intuito, ela criou ao lado de cinco amigas o projeto “Além dos Muros”, que engaja jovens estudantes em ações de cidadania. Por meio de debates, campanhas de doação e outras trocas, o projeto incentiva os voluntários a saírem de sua “bolha social” e conhecerem mais de perto outras realidades da região. “Geralmente, as ações se articulam em torno de um foco, por exemplo, pessoas com deficiência. A partir daí, nos mobilizamos para apoiar e visibilizar políticas, projetos e outras ações em prol da causa.”
A busca de Juliana por soluções para problemas reais a levou, em 2018, para o outro lado do mundo. A estudante hoje reside em Tel Aviv, em Israel, onde cursa como bolsista o Ensino Médio na escola-internato Eastern Mediterranean International School, que tem como missão difundir a cultura de paz no Oriente Médio.
“Sempre sonhei em conhecer outras culturas e esta escola é um espaço compartilhado por palestinos e israelenses – pessoas com perspectivas totalmente diferentes que são colocadas para morarem, estudarem juntas, aprendendo a resolverem seus conflitos”, conta.
Ali, percebeu como podiam ser múltiplas as narrativas e interpretações sobre um mesmo fato e como era importante que o ensino de História as contemplassem. Com esta perspectiva, começou um novo projeto: o Historiar-te, que produz vídeos educacionais sobre questões globais tematizados pela História. Além da diversidade de pontos de vista e olhar crítico para os eventos históricos, o projeto traz uma linguagem jovem, pautada nas animações e na descontração para engajar estudantes e professores.
“No começo, eu fazia tudo sozinha, os roteiros e as gravações. Com o tempo, professores de História de diversas partes do Brasil começaram a entrar em contato comigo disponibilizando ajuda para para revisar e comentar os conteúdos voluntariamente”, conta.
No atual contexto da pandemia, com a predominância do ensino remoto, o canal no YouTube tem se mostrado um grande aliado da educação dos jovens. “Acredito que adaptar este temas que fazem parte da escola para a voz dos jovens é essencial. Fico muito feliz de estar oferecendo esse método para os jovens continuarem aprendendo nesse momento tão difícil, no qual as desigualdades estão sendo exacerbadas. Feliz de criar faíscas de interesse e curiosidade que façam os jovens continuarem estudando, apesar do desgaste criado pelo nosso sistema educacional”, finaliza.