24/05/2022
Onde se faz política? No Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, nas Câmaras Municipais, mas também nas escolas, nos bairros, entre as famílias e em todos os outros espaços de convivência. É com esta premissa que a Ashoka, em parceria com o coletivo jovem Encrespad@s, lançou uma série de roteiros para incentivar os estudantes a se mobilizarem politicamente e liderar a organização de debates em suas escolas.
Intitulados Percursos de Debates Públicos na Escola, os primeiros três materiais já estão disponíveis e apresentam uma espécie de passo a passo para organizar e colocar em prática debates públicos no ambiente escolar. O site será atualizado ao longo das próximas semanas com outros roteiros sobre temas de interesse das juventudes.
Bruno Souza, pedagogo e articulador do coletivo Encrespad@s, explica que os materiais têm o objetivo de influenciar e inspirar os jovens do Ensino Médio a construir espaços democrático de diálogo não somente para pensar a transformação da educação, mas de todas as demais questões que dialogam com sua realidade local.
“Para além de propor a organização desses encontros democráticos, a ideia é que o roteiro ajude a mapear e identificar os desafios a partir das ferramentas, linguagens, histórias e possibilidades que cada jovem e escola traz.” Assim, os temas a serem pautados podem tanto estar relacionados à vida escolar, como também à mobilidade, alimentação, segurança, habitação, equidade, trabalho e renda, sustentabilidade, etc.
Além de orientar de forma prática, outra qualidade da iniciativa é desmistificar a ideia de que as juventudes não se interessam ou não querem refletir sobre política. “Esse é um discurso que há muito tempo vem sendo propagado e as juventudes, sobretudo, as periféricas vêm desconstruindo. Cada vez mais a gente tem se aproximando de uma noção que a política é aquilo que acontece no cotidiano, no bairro, com os amigos, com a família. Então, a importância de pautar o debate com as vozes jovens é de qualificar as perspectivas e visões que as juventudes têm enfrentando e para as quais têm encontrado soluções. É de pensar uma política que se aproxima cada vez mais da realidade que vivemos.”
Nesta lógica, a escola se coloca como um espaço político de suma importância. “Se a escola é um mini cosmo da sociedade, onde as questões, opressões, desigualdades e obstáculos se refletem, pensar na escola como um lugar para refletir sobre políticas públicas serve também como um aprendizado para a democracia”, defende Bruno. Em outras palavras, a participação dos estudantes e as transformações que acontecem dentro da escola são elementos importantes na formação para a vida política.
Os roteiros miram as eleições de 2022, mas o pedagogo lembra que esta mobilização juvenil não é de hoje. “Se olharmos para alguns fenômenos que aconteceram nos últimos anos como as ocupações das escolas, o movimento Vira Voto e, por último, a movimentação para que os jovens tirassem ou regularizassem seus títulos de eleitores, a gente percebe que a juventude tem desempenhado um protagonismo nestas reflexões e ações que transformam a política.”
Os Percursos de Debates Públicos na Escola é um desdobramento da criação coletiva 27 propostas para um Ensino Médio Democrático, Inclusivo, Integral e Transformador, publicadas em 2020 pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a Ashoka e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que sintetizou princípios e propostas decorrentes de discussões que envolveram mais de 500 estudantes, professores, gestores e pesquisadores, representando cerca de 100 organizações.
Os jovens interessados em participar da iniciativa, podem acessar ou baixar os roteiros gratuitamente aqui, usá-los em suas escolas e compartilhar depoimentos, fotos, videos, dúvidas e comentários pelo Instagram da @ashokabrasil