06/07/2021
Apesar do contexto de adversidade dado pela pandemia, os estudantes brasileiros estão engajados em projetos para melhorar a educação ou impactar a sociedade. É o que aponta o estudo Liga Criativos da Escola, realizado pelo programa Criativos da Escola, do Instituto Alana, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e que trouxe achados sobre o que pensam e querem as juventudes brasileiras, além de como estão, na prática, atuando para transformar suas realidades.
Os resultados são frutos da análise qualitativa e quantitativa dos mais de 6 mil projetos recebidos pelo programa, por meio da premiação Desafio Criativos da Escola, desde sua primeira edição, em 2015.
“Por meio de uma escuta do que está por dentro dos projetos do Criativos na Escola, acessamos e revelamos anseios, necessidades, desejos e potências de alunos de todos os cantos do Brasil. Trata-se de uma construção coletiva a partir das vozes e sonhos de todos, sendo as crianças e adolescentes não apenas escutados, mas também convidados a agir junto para a melhoria de suas realidades”, diz Gabriel Maia Salgado, coordenador do programa Criativos da Escola.
A pesquisa mostra que, entre as temáticas mais caras aos estudantes ao longo do programa, destacam-se a educação (32% dos projetos), a promoção do bem-estar e das relações interpessoais (31%), a preservação do meio ambiente (25%) e melhoria do ambiente escolar (13%).
Dentre a parcela de projetos voltados para a melhoria da própria educação, 41% criam maneiras diferentes de aprender; 20% incentivam a leitura; 15% aprofundam conteúdos extracurriculares; 11% lidam com dificuldades para aprendizagem e 10% incorporam a tecnologia.
No que diz respeito às diferentes maneiras de aprender, “nestes projetos os estudantes ousam e propõem alternativas a partir das potencialidades que enxergam em suas escolas e comunidades. Mostram também a enorme disposição que têm para apoiar seus(suas) colegas e assumir o protagonismo de sua aprendizagem”, diz o estudo.
Em outras palavras, evidenciam o interesse de estudantes em participar de forma ativa de seu processo de aprendizagem e também de construir espaços que promovam trocas de saberes com suas comunidades. “Os estudantes anseiam uma escola que os ajude a aprender novos conhecimentos e a desenvolver competências que julgam importantes para a vida”, conclui o levantamento.
Exemplo disso é o projeto “Mamug koe ixo tig – A fala e a escrita da criança”, desenvolvido por alunos da escola Sertanista Francisco Meireles, em Cacoal (RO). Incomodados com a falta de livros didáticos em sua língua materna, Paiter Suruí, as crianças e jovens indígenas elaboraram um material próprio, construindo planos de aula com brincadeiras, desenhos e histórias tradicionais.
Ou o “História construída em blocos”, de estudantes da escola CENEL-COC Centro de Educação Nery Lacerda, em Brasília (DF), que cansados da metodologia tradicional, baseada nas aulas expositivas, decidiram unir tecnologia à disciplina de História. A partir do jogo Minecraft, que permite criar cenários e objetivos a partir de blocos e imagens, conseguiram tornar o aprendizado da disciplina em algo prazeroso.
Além de um sobrevoo sobre estes e tantos outros projetos, o estudo convoca a sociedade brasileira a ampliar a valorização do protagonismo e a escuta de crianças e adolescentes, tendo-os como agentes para a formulação de soluções para questões que são urgentes durante e após a pandemia do novo coronavírus. Quer saber mais? Baixe o estudo aqui!