20/08/2020
Reconfigurar a prática educativa a partir do fazer, passando do paradigma da instrução para o da aprendizagem. Em linhas gerais, assim pode ser traduzida a experiência de formação de professores “Aprender em Comunidade”, idealizada pelos educadores José Pacheco e Cláudia Passos, da EcoHabitare.
Pensada para apoiar os educadores, que se viram angustiados diante da impossibilidade de alcançar seus alunos neste momento desafiador da quarentena, a formação foi lançada em maio deste ano apoiando-se na estratégia de pequenos grupos, orientados por tutoria virtual ao vivo, e no conceito de isomorfia, isto é, na ideia de que o modo como o professor aprende é o mesmo como ensina.
“Este processo formativo não parte da teoria para a prática. Acreditamos que é a dificuldade da ensinagem que faz o educador buscar soluções. O professor em situação de formação, seja inicial ou continuada, não pode ser considerado como alguém que vai ser capacitado. É preciso ver os formandos como sujeitos da aprendizagem e não como objeto”, explica Pacheco.
A experiência reuniu virtualmente cerca de 200 participantes oriundos de diferentes escolas e organizações educativas para lançar as bases de protótipos de comunidades de aprendizagem. Para tanto, os participantes foram divididos em treze núcleos, cada um orientado por três tutores.
Nesta configuração, os educadores percorreram uma trilha de práticas dentro do paradigma da aprendizagem envolvendo processos como autoplanejamento, tutoria, pesquisa, projeto, autoformação, trabalho em equipe, avaliação formativa, contínua e sistemática e, constituição de núcleo de projeto de inovação.
“Criamos cerca de 50 núcleos de projeto, envolvendo 7 países e constituindo redes de comunidade de aprendizagem. O que fizemos foi trabalhar, a partir do sujeito da aprendizagem, as suas necessidades”, conta o professor.
Segundo o educador, o retorno foi tão positivo que já está prevista uma segunda edição do processo formativo, que ocorrerá entre setembro e outubro. “A pandemia deixou claro que a escola não é um prédio, são as pessoas. Por isso, a importância de construirmos círculos de vizinhança para ampliar os espaços de aprendizagem”, conclui.