Com soluções criativas, jovens se mobilizam para ajudar seus territórios durante a pandemia

Entre as muitas lições deixadas pela pandemia talvez a que mais se destaque seja a da importância da solidariedade. Principalmente, quando os protagonistas são os jovens. A impossibilidade de sair de casa não impediu que a juventude se mobilizasse para ajudar familiares, amigos e demais pessoas do seu entorno, conforme mostra a pesquisa “Juventudes e a pandemia do Coronavírus”.

O levantamento, que investigou os impactos da Covid-19 na vida de mais de 33 mil brasileiros, mostrou a grande disponibilidade dos jovens para ajudar o outro. Segundo os dados, 70% dos jovens utilizaram as redes sociais para conscientizar os demais sobre a pandemia, 40% apoiaram alguém vulnerável para garantir seu bem-estar e 29% realizaram alguma doação. 

Soluções criativas

Outro caminho foi a busca por soluções criativas, caso do jogo cooperativo Jornada X – Operação Antivírus. Idealizado pelo especialista Edgard Gouveia Júnior, o game gratuito traz  uma série de desafios e missões a serem solucionados virtualmente, mas que se relacionam com problemáticas reais causadas pela epidemia como saúde emocional, inclusão digital, falta de água e até mesmo fake news. 

Solucionada a missão, os jogadores devem registrar em áudios, fotos e vídeos e postar nas redes sociais o percurso de mobilização e conhecimento trazido por ela. “O mais legal do jogo é que ele extrapola o ambiente da internet, reverberando no mundo real. Precisamos olhar para o jovem e adolescente e ver o poder que eles têm. Foi justamente essa geração que ninguém chamou para resolver a questão da Covid, mas que tem muita criatividade para pensar soluções”, comenta Edgard. 

A ferramenta foi tão bem recebida que virará um aplicativo, a ser lançado em dezembro deste ano. “Ele trará uma temática mais ampla, com mais jornadas e causas para além da questão da pandemia. O objetivo é mostrar como eles são capazes de transformar suas realidades, agora mesmo e com os recursos que já possuem”, explica Edgard. 

Escuta e ação

Também pensando em como potencializar a voz e atitudes solidárias da juventude, a Unicef Brasil criou um espaço colaborativo de disseminação de conteúdos voltado para adolescentes e jovens. Além de escutá-los sobre como tem sido este momento de isolamento social para cada um e oferecer dicas de prevenção, a ferramenta permite o compartilhamento de iniciativas de mobilização.

Um exemplo é a organização juvenil Corre pelo Certo, de Osasco (SP), criada com o objetivo de romper com os estereótipos periféricos e trazer informações para os jovens. Para combater as fake news e outras mazelas, o grupo lançou o projeto “Corre na Quarentena” para trocar dicas de saúde e indicações culturais, além de apoiar emocionalmente os jovens neste período.

Juventude indígena

Outra juventude que vem desempenhando um trabalho de suma importância é a indígena. Para contornar os desafios da pandemia, a iniciativa Mídia Índia criou o site quarentenaindigena.info, que reúne notícias e dados sobre a Covid-19 em comunidades indígenas de todo o Brasil. O espaço virtual é também dedicado a angariar fundos para o enfrentamento da doença nas aldeias.

“Os meios tradicionais não trazem informação suficiente para entender o impacto da pandemia nas nossas comunidades. Colocamos os dados que a grande mídia não mostra, localizamos essas informações com Secretarias Estaduais de Saúde e a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena], e conseguimos construir o site para qualquer pessoa acessar”, conta Emerson Pataxó, morador da Aldeia Cura Vermelha, localizada em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, e comunicador da Mídia Índia.

 

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.