Nascida na cidade de Santarém, interior do Pará, Luísa Falcão Oliveira de Sousa, 21 anos, sempre foi sensível às questões socioambientais da região amazônica. Esta consciência, alimentada desde muito cedo, tornou-lhe prioritária pautas como preservar os recursos naturais deste território, empoderar as populações tradicionais e garantir um conjunto normativo no Brasil e internacionalmente mais adequado ao ecossistema amazônico. “Sempre quis fazer parte da mudança, de alguma ação que ajudasse esse território tão diverso e rico”, conta.
O caminho encontrado foi o envolvimento com a organização juvenil Engajamundo, onde passou a integrar um grupo em prol da biodiversidade. “Lá, desenvolvi o projeto “Cadê o mato?”, que fez uma mobilização contra o Novo Código Florestal [Lei no 12.651/2012] em parceria com outras redes.”
O projeto realizou formações em escolas e seminários para demonstrar a relação entre a nova lei e o prejuízo da biodiversidade. Como produto final, os jovens entregaram um manifesto aos ministros do Supremo Tribunal Federal. “Apesar da legislação ter sido aprovada no final, foi muito importante fomentar este debate entre a juventude de como o Novo Código traria uma série de impactos negativos para o meio ambiente, criando esta conscientização”, aponta a articuladora do Engajamundo.
Hoje estudante de Direito, Luísa também passou a atuar como pesquisadora. Ano passado, teve a oportunidade de participar da 14ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica da ONU (COP), representando oficialmente a juventude brasileira. “Eram só duas pessoas do Brasil ali e entender melhor sobre o cenário internacional, além de representar tantos jovens, trouxe um reconhecimento muito importante da nossa legitimidade e luta”, conta.
Enquanto ativista e pesquisadora, enfatiza cada vez mais a importância da região amazônica para a sobrevivência do planeta, bem como a escuta ativa das comunidades locais. “Ao longo de tempo, no meu ativismo, fui percebendo muita coisa. E uma delas é que a gente não precisa importar um modelo de fora para salvar a região amazônica. A partir da própria Amazônia, do nosso olhar, é possível chegar à soluções para a nossa realidade de um jeito muito mais singular e sustentável.”
Sobre trabalhar em uma rede formada e liderada por jovens, como o Engajamundo, Luísa aponta muitas vantagens. “É uma relação muito mais horizontal, na perspectiva de que estamos compartilhando desejos, anseios e interesses de forma muito direta. Até porque os desafios que nossa geração enfrenta são muitos diferentes do de outras gerações. Além disso, temos nossas próprias metodologias e o que faz os jovens se sentirem amparados, acolhidos quando trazemos uma reflexão sobre determinado assunto, o que torna o acesso à informação mais democrático.”
Nos últimos anos, a participação política de jovens da região amazônica, inclusive ribeirinhos, quilombolas e indígenas, tem mostrado o potencial de sua articulação. “Estes jovens estão fazendo a diferença. É sempre bom lembrar que há como fazer muita coisa e não somente através de espaços como a universidade, mas participando de encontros, projetos, estando presente nas áreas de seu interessa. Essa educação política é muito importante e os jovens estão mostrando cada vez mais que a nossa mobilização importa e que a gente precisa ser ouvido.”
O Movimento de Inovação na Educação apoia a iniciativa Leadyoung – Histórias de Jovens que transformam, que conta histórias de jovens ou de adultos que começaram a transformar na juventude, identificando um problema que os sensibiliza, organizando equipes em torno de soluções para enfrentar o problema e, assim, produzindo impacto social. Conheça essas histórias. Você é ou conhece alguém que tem uma história de transformação social? Conte-nos através deste formulário.