07/11/2019
Os estudantes costumam avaliar mal seu próprio aprendizado, de acordo com pesquisadores de um estudo recentemente publicado no períodico Proceedings of the National Academy of Sciences. Estratégias que requerem baixo esforço cognitivo – como ouvir passivamente a uma aula – são frequentemente percebidas pelos alunos como mais eficazes do que metodologias ativas, como atividades mão na massa e resolução de problemas em grupo.
A dinâmica de atividades em grupo pode fazer com que os alunos se sintam frustrados e “dolorosamente conscientes de sua falta de compreensão”, mas o estudo concluiu que quanto mais esforço e dificuldade envolvido – características de uma abordagem ativa e centrada no aluno – mais os alunos aprendem.
No estudo, os pesquisadores dividiram grandes cursos introdutórios de física na Universidade de Harvard em dois grupos. Em ambos, os professores usaram principalmente aulas expositivas nas primeiras 11 semanas do curso de 15 semanas. A partir da 12ª semana, no entanto, os professores do primeiro grupo continuaram com esse método, enquanto os do segundo grupo mudaram para uma abordagem ativa e centrada no aluno, que os incentivava a resolver problemas em pequenos grupos. No final de cada aula, os alunos respondiam um teste de múltipla escolha para verificar a compreensão do material e avaliar seus sentimentos sobre o aprendizado. Eles tinham que considerar respostas como “gostei desta aula expositiva” e “sinto que aprendi muito com essa aula expositiva”.
Os alunos de todas as turmas foram ensinados usando materiais idênticos; a diferença foi o nível de interatividade promovido entre os grupos.
No primeiro grupo, o professor usou slides, explicou conceitos e resolveu problemas em uma lousa enquanto os alunos ouviam. No segundo grupo, o professor começou a aula com os mesmos slides e explicações, mas, em vez de orientar os alunos sobre um problema, eles eram estimulados a trabalhar em pequenos grupos para descobrir as soluções. O professor caminhou pela sala fazendo perguntas e orientando grupos que precisavam de ajuda.
No final do curso, os alunos consistentemente mostraram uma preferência por aulas expositivas, avaliando-as de forma mais positiva em termos de engajamento e aprendizado. Apesar disso, eles pontuaram 10 pontos percentuais a menos nos testes em comparação com seus colegas que estavam em salas de aula de aprendizado ativo.
A desconexão entre percepção e desempenho real pode diminuir a motivação dos alunos, afirmam os pesquisadores, porque eles não investem em estratégias que exigem esforço maior por considerá-las ineficazes. Os professores devem abordar essa percepção errônea “apresentando explicitamente o benefício de maiores esforços cognitivos associados a aprendizagem ativa”. Como os professores podem fazer isso? Embora o estudo tenha se concentrado em estudantes universitários, aqui estão algumas dicas que beneficiam alunos de todos os níveis:
Os alunos podem relutar em deixar sua zona de conforto se não perceberem o valor das estratégias de aprendizado que exigem mais esforço. A pesquisa apoia verdadeiramente o aprendizado ativo: uma meta-análise de 2014 descobriu que, em média, aumenta as notas em meio ponto. Os professores podem abordar a percepção equivocada no início do ano escolar, explorando a neurociência por trás de estratégias eficazes de aprendizado com seus alunos.
Para resolver problemas desafiadores, os alunos devem se sentir à vontade em se esforçar e considerá-lo uma parte necessária do aprendizado.
Pode ser difícil para os alunos avaliarem sua própria compreensão de um tópico. Perguntas como “Alguma coisa confusa ou difícil?” podem diminuir a disparidade entre o aprendizado real e o percebido.
* Texto publicado originalmente no site Porvir, traduzido do conteúdo do Edutopia