17/10/2019
Um Ensino Médio democrático, inclusivo, integral e transformador. Em síntese, assim pode ser definida a expectativa que educadores, gestores, pesquisadores e estudantes têm para a etapa.
A conclusão é do documento “Propostas para o Ensino Médio Brasileiro”, resultado de uma série de encontros que ocorreram em diferentes regiões do País entre outubro de 2018 e junho de 2019, com a participação presencial e virtual deste atores da educação pública brasileira.
Os debates levaram à construção coletiva de 27 propostas que apontam caminhos para as políticas de Ensino Médio no Brasil, disponibilizadas ao público na íntegra em livro gratuito que pode ser baixado no site da FE-USP.
As 27 propostas sugerem, principalmente, modos de superar a fragmentação das políticas educacionais, demonstrando que as mudanças devem impactar simultaneamente os currículos, a gestão, as carreiras e formação dos profissionais, os recursos, a avaliação e os critérios de ingresso no Ensino Superior. Além disso, rompem com a visão setorial, preconizando modos de integração e territorialização das políticas sociais.
Um dos consensos foi a limitação do atual modelo e do sistema educacional frente às necessidades dos jovens, assim como o pouco espaço que a discussão da reforma do ensino médio ofereceu para a construção coletiva de propostas alternativas que podiam unificar os diversos agentes.
Neste entendimento, várias das propostas se estruturam sob uma mesma máxima: a necessidade de reconhecer a diversidade de juventudes e seu potencial transformador. “Há ainda que se reconhecer a potência da diversidade das juventudes brasileiras: urbanas centrais e das periferias, vilas e favelas; as do campo, ribeirinhas, as indígenas. Assim, as orientações educacionais devem dialogar com as diversas expectativas e culturas juvenis, apoiando a constituição de escolas que garantam as condições para que todos se sintam acolhidos”, apontam seus redatores.
A necessidade de afirmar o potencial da escola para a transformação social e o fortalecimento da democracia desponta como outro eixo. “O princípio constitucional da gestão democrática da educação não se esgota em escolha de dirigentes, mas se realiza de fato na participação cotidiana da comunidade escolar nas decisões e responsabilidades que dizem respeito ao convívio e à aprendizagens”, defende o texto.
Outro pilar das propostas está na visão integral sobre a qualidade da educação. Isto porque, segundo o documento, “para as pessoas se desenvolverem integralmente – em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social e cultural – é preciso a integração de todos os agentes e setores sociais envolvidos em propostas que dialoguem com seus contextos históricos e territoriais.”
A importância de reconhecer a potência dos estudantes, professores e escolas na promoção de transformações positivas na sociedade também foi destacada. “A realização dessa potência se torna ainda mais urgente no mundo contemporâneo, um mundo marcado pela constante transformação, no qual as regras, hierarquias e institucionalidades se tornam cada vez menos eficazes, mas onde a tecnologia amplia a incidência das pessoas e dos coletivos nos processos sociais.”
A iniciativa é fruto da parceria entre Ashoka , Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Os registros dos encontros estão disponíveis na plataforma do Movimento de Inovação na Educação, nos links abaixo:
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