22/02/2019

O que faz a escola Visconde de Taunay, em Blumenau (SC), ser uma escola inovadora

Desde 2011, a Escola Básica Municipal Visconde de Taunay, em Blumenau (SC), desenvolve ações voltadas à ecoformação e à transdisciplinaridade por meio do Projeto Escola Sustentável.

Fachada azul da EBM Visconde de Tunay. Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

O Escola Sustentável tem o objetivo de adotar práticas pedagógicas de sustentabilidade, adaptando os espaços e tempos para criar consciência nos estudantes e famílias de que a mudança no planeta começa em cada um, em cada casa, na escola e na comunidade.

Visconde de Taunay já recebeu diversos prêmios e em 2015 foi reconhecida pelo MEC como escola inovadora e criativa”, assim também como integra a rede do Movimento de Inovação na Educação.  Além disso, ela foi certificada em 2013 como Escola Criativa pela Rede Internacional de Escolas Criativas, da Universidade de Barcelona.

A seguir, Denise Maas Vieira, que está em seu quarto ano como diretora, e Jeane Pitz Pukall, educadora  responsável pela implementação do projeto, explicam o que faz da Visconde de Taunay uma escola inovadora no ensino infantil e fundamental.

O que é uma escola inovadora?

Denise Vieira: A educação inovadora é aquela que permite que o estudante seja o protagonista, que se sinta participante e não apenas ouvinte. Inovar é sair da mesmice, ousar, buscar o diferente e permitir uma aprendizagem significativa e prazerosa. 

Jeane Pukall: Uma escola inovadora é aquela que propõe uma educação a partir da vida e para a vida. Uma escola que tenha uma proposta integral de educação em que se leva em conta o sentir e o pensar de cada estudante. É uma escola que considere a empatia e a criatividade como fatores importantes em seu currículo.

Por que a Visconde de Taunay é inovadora?

Denise Vieira: A Visconde tem uma proposta diferenciada para trabalhar com projetos baseados na ecoformação, que tem como princípios o cuidado: cuidar de si, do outro e do meio. Esta forma de trabalhar desperta o interesse do estudante e o torna mais envolvido com a escola. Em todos os espaços os estudantes deixam suas marcas, expõem seus talentos e habilidades.

Placas da EBM Visconde de Tunay. Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Como aconteceu a implantação do Projeto Escola Sustentável?

Jeane Pukall: A Implantação aconteceu em 2011 após uma visita dos gestores e professores ao Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado -IPEC, localizado na cidade de Pirenópolis, em Goiás. Foi uma decisão coletiva num processo de gestão democrática. No início, o projeto sofreu resistência por parte de alguns professores, por medo de se arriscarem numa nova propostas pedagógica. O que o faz se manter até hoje é o fato de ser um projeto de escola e não de uma ou duas pessoas apenas. Todos os anos recebemos muitos professores novos, em média 25, assim temos que recomeçar e formar os professores com a proposta da escola. Tudo é discutido e planejado em grupo, bem como avaliado e reavaliado durante todo o ano.

Quais as atividades que mais caracterizam o Projeto?

Jeane Pukall: As atividades ecoformadoras e transdisciplinares procuram estabelecer uma relação de ensino e aprendizagem nos espaços da escola como horta mandala, casa de garrafa pet, praça literária, jardim biodiverso. Todas vão além dos muros da escola. Um dos objetivos de nosso Projeto Político Pedagógico é a construção de saberes que levem o estudante a refletir sobre o grupo, a comunidade e a sociedade na qual está inserido.

Palco de apresentações e alunos da EBM Visconde de Tunay. Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Como se estabelece a relação com família e comunidade para que o projeto ultrapasse os muros da escola?

Denise Vieira: A articulação com a comunidade escolar é fundamental para o andamento e sucesso dos projetos. Procuramos promover eventos e encontros para aproximar a comunidade da escola. No início do ano ocorre a Assembleia de Pais, para que conheçam os professores e a proposta de trabalho. Durante o ano acontece a Festa da Família com entrega de boletins – neste evento a família comparece em maior número. Realizamos também a Mostra Cultural, onde são apresentados os projetos desenvolvidos. Em novembro, o show de talentos; em dezembro, a festa de Natal. Ainda temos que avançar neste aspecto, especialmente com os pais dos alunos dos anos finais. Sabemos que o estudante precisa se sentir cativado e, assim, cativar seus pais para a virem até a escola.

Jeane Pukall: A comunidade sempre foi convidada a participar de todas as ações sustentáveis da escola. Todos os trabalhos começam em sala de aula e terminam em sistema de mutirão envolvendo a comunidade. Percebemos que isso faz com que a escola seja mais valorizada e cuidada pela comunidade e estudantes. Temos relatos de famílias e estudantes que levaram para suas casas a ideia da horta, da espiral de ervas e do jardim.

 

O vídeo abaixo foi produzido durante do mestrado de Jean Pukall

Que diferença essas ações causam na vida das crianças?

Denise Vieira: As atividades que a escola promove são muito importantes para divulgação dos projetos desenvolvidos aqui, além de aproximar a família. Tudo isso reflete diretamente no estímulo para os estudos e na aprendizagem. Pais que participam da vida escolar têm filhos muito mais envolvidos e dedicados.

Alunos da EBM Visconde de Tunay em roda de leitura. Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Foto: Michele Lamin/Reprodução Prefeitura de Blumenau

Qual a importância de um projeto como esse nos tempos atuais?

Jeane Pukall: A escola tem um papel fundamental na formação de cidadãos criativos e comprometidos. Assim, eles passam a identificar problemas da sua realidade e solucioná-los por meio do que aprendem. Numa sociedade em transformação e cada vez mais desenvolvida, necessitamos de um sistema de ensino mais atento às necessidades na formação de estudantes para esta realidade.

 

Veja Também:

Escola em zona rural usa a lavoura em processo de ensino-aprendizagem

Entrevista com Helena Singer: inovação como contraponto à retirada de direitos sociais

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.